segunda-feira, 27 de abril de 2009

Estar só é bom.

Me sinto como se tivesse poder pra escolher meus próprios caminhos. Ouço a liberdade me gritar do outro lado do abismo. Como ela chegou daquele lado? Se eu pular pra alcançá-la vou cair. Vale a pena tentar pular? Não sei. Tento voltar pra onde é seguro e sair da beira do precipício, mas ele me chama com sua voz sedutora e agridoce. O outro lado espera por mim. A liberdade me encanta como se eu fosse uma daquelas serpentes dentro do pode de algum mago do Oriente. Corro de volta pra o ponto em que os pedregulhos já se desprendem da encosta perigosamente. Sorrio. A sensação de novidade me possui, mas, apesar de tudo, ainda há medo. O medo prende meus pés à montanha do conhecido. Quero me jogar e tentar alcançar o outro lado. Algo me diz que eu não vou conseguir. Sei que, assim que pular, não poderei voltar ao meu monte seguro. Estou confusa, estou angustiada. Desabo sobre minhas próprias pernas e choro em desespero. Não quero cortar as cordas que me prendem, mas meus olhos, mesmo turvos, enxergam a beleza da liberdade do outro lado. Levanto e volto mais para o centro outra vez - dessa vez pra pegar mais impulso. Ao fazê-lo percebo que não vou conseguir pular tão alto, mas, nesse momento, eu já preciso ir nem que seja pra cair. Corro sentindo o vento bater com força em meu rosto já rosado de expectativa e, de olhos fechados, me lanço num infinito de dúvidas e no vazio do desconhecido. É surpresa, mas não um choque, quando não alcanço o outro lado e vejo a liberdade – com um sorriso cínico – acenar pra mim. Nunca achei que fosse voar, eu penso. Mas agora, realmente, só me resta cair. Afinal, estar só não é sempre tão bom assim!

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