quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Do jeito dele

Hoje resolvi fazer um texto do jeito dele. Já que ele não é do tipo que se enrola muito nas palavras e nem do tipo que floreia muito o que quer dizer, vou ser direta. Escrevo um texto sobre meu melhor amigo. O que me escuta, o que me entende, o que ri comigo... Aquele pra quem eu conto tudo sobre todos, menos sobre ele mesmo, claro. Mas ele sabe. Ele sabe o que se esconde por trás das minhas brincadeiras cheias de verdade e ele sabe que monopolizou uns 50% do meu coração. Carinha sagáz, eu diria. Escrevo também um texto sobre o meu pai. O que briga comigo, o que me dá conselhos, o que me parabeniza por uma coisa grande que tenha conseguido... Aquele pra quem eu corro quando estou com um problema que não vou saber resolver, menos quando o problema é ele mesmo, claro. Mas ele sabe. Ele percebe que me causa mais problemas e soluções do que qualquer outro. Fico grata pelas soluções, vale frizar. Escrevo aqui um texto sobre meu irmão. O que divide as experiências dele comigo, o que implica com meu jeito, o que me imita quando quer ser irritante. E eu tento imitar o jeito dele também, claro. Mas não consigo. Isso por que ele tem o jeito dele de ser mais extrovertido comigo, ele tem a maneira dele de me deixar mais brava ou mais feliz a depender das merdas que fale (por que é sempre alguma besteira) e por que ele é o equilíbrio da minha loucura. Meu porto seguro, sei lá do futuro, tentei escrever um texto do jeito dele, então não vou fantasiar como eu faria... meu chato, beijos, Cah (L)

Príncipe Inventado

Sentei na calçada e fechei os olhos.

- Você não tinha esse direito! - gritei.


A chuva fina começava a cair em gotas maiores molhando rapidamente o meu suéter cinza. Tudo era cinza. Os carros eram sem cor, minha alma era desbotada. Eu abracei meus joelhos e gemi.

- Não tinha o direito de fazer o que? - ele perguntou com aquela voz que poderia ser engraçada em um outro momento, mas agora me doloria a cada palavra proferida. - Não tinha o direito de te trair? Ora faça-me o favor.. eu não sou nada seu! Não pense que eu sou, não cobre que eu seja!


Senti a martelada profunda e agúda de toda a verdade que ele jogava em mim como flechas inflamadas de sinceridade em excesso.

- Você não tinha o direito de me deixar desse jeito. Não deveria ter sido tão perfeito antes.. Quem você é agora? - tentei gritar, mas não era como se minha garganta pudesse me obedecer, então sussurrei.

- Sou agora o que sempre fui.. Eu mesmo. Distante demais de você pra que pudesse dizer que me conhece.

- Eu.. - pateticamente estendi as duas mãos em sua direção, tentando agarrar pelas pernas o pouco que ainda me restava do cara que conheci. - Eu.. sabia quem você era!

- Não, não sabia. Você conheceu uma pessoa que criei pra você. Uma pessoa fantasiosa e, como você disse, perfeita. - ele se abaixou e puxou meu queixo pra chuva. - acorda, princesa, contos de fadas não existem.


Soltei as pernas dele e deixei minhas mãos penderem sem vida no asfalto molhado. Já não me importava mais se elas ardiam. Nada poderia arder tanto quanto a sensação de queimado que beirava meu peito.

- Nunca achei que você fosse meu príncipe.. Eu só queria..

- O que você queria? - ele gritou pro alto com um sarcasmo exagerado. - queria que eu te pegasse no colo e levasse pro nosso palácio?

- Não, na verdade eu.. - não sabia mais o que dizer. Nem eu sabia o que queria dele. Será mesmo que esperei isso tudo?


As lágrimas de vergonha caíram instintivamente por meu rosto. O sentimento de humilhação era mais forte do que qualquer coisa.. As palavras doíam mais do que o frio. Eram mais geladas, eram mais cortantes. Soltei o ar num impulso e me levantei.
Ele sorriu de canto e eu caí outra vez. Não, meu coração gritou, esse sorriso não!


- Imagino todas as perguntas imbecis que você está se fazendo agora. - ele murmurou por entre o meu sorriso.


O sorriso dele, mas que já era tão meu.

- Que perguntas? - eu sibilei de volta.


Tentei falar alto. Tentei mostrar indiferença, tentei ser mais forte que as lágrimas, mas elas eram pesadas.

- Ela é mais bonita do que eu? - ele disse num tom de arremedo. - Ela beija melhor do que eu? - o ouvi sussurrar bem próximo ao meu ouvido. - Por que ela e não eu? - ele finalizou com o único golpe mais profundo do que todas as verdades.


Estremeci dos pés à cabeça e soltei um murmúrio covarde. Ele estava certo. Eu realmente tinha me feito todas aquelas perguntas imbecis. Tive vontade de gritar pra que ele me respondesse uma a uma. Pra que me desse uma luz, pra que me estendesse uma mão, mas me vi sozinha outra vez naquele mar de angústia que já me afogava completamente. Era chuva, era lágrima, era dor. Tudo entrando devagar por todos os poros do meu corpo. Cerrei os dentes.

- Pare, por favor. - gritei no tom mais baixo que um grito desesperado pode ter.

- Por que eu pararia? - ele ironizou.

- Por que dói.. - eu solucei. - Dói demais!


Eu já desejava que ele me deixasse pra apodrecer. Que me largasse sozinha com os cacos fétidos do meu coração vazio. Mas ele não seria tão misericordioso. Se fosse assim seria tão fácil..

- Não deveria doer, deveria? - ele sentou-se do meu lado na calçada e pegou a minha mão entre as suas. Não senti nada. Nem o calor estranho que me subia até o rosto cada vez que ele passava por perto. Agora eu sabia que não conhecia esse homem.

- Não.. Não deveria. - eu me soltei dele e levantei de novo. Dessa vez eu não ia deixar que aquele sorriso me desequilibrasse. - Mas você está certo. Eu fantasiei demais. Eu inventei demais. A culpada sou eu por todos os meus fantasmas. Agora vá, me deixe em paz.. Siga seu caminho e me deixe viver só com a lembrança do que fizemos. Por que não tivemos e nem somos, só fizemos.


Ele levantou o rosto e me encarou na penumbra. Eu não sustentei seu olhar. Não precisava mais, não era mais o meu príncipe inventado. Fechei os olhos apenas por um segundo pra secar as lágrimas que ainda se esgueiravam por ali e, quando os abri, ele não estava mais lá. Tinha desaparecido junto com a chuva. Tinha sumido junto com a rua. Eu estava só. No meu quarto, ainda abraçada aos meus joelhos, mas, finalmente, em paz.

11 Expressões Usadas pelas Mulheres

1 - "Certo": Esta é a palavra que as mulheres usam para encerrar uma discussão quando elas estão certas e você precisa se calar.


2 - "5 minutos": Se ela está se arrumando significa meia hora. "5 minutos" só são cinco minutos se esse for o prazo que ela te deu para ver o futebol antes de ajudar nas tarefas domésticas.



3 - "Nada": Esta é a calmaria antes da tempestade. Significa que ALGO está acontecendo e que você deve ficar atento. Discussões que começam em "Nada" normalmente terminam em "Certo".



4 - "Você que sabe": É um desafio, não uma permissão. Ela está te desafiando, e nessa hora você tem que saber o que ela quer... e não diga que também não sabe!



5 - Suspiro ALTO: Não é realmente uma palavra, é uma declaração não-verbal que freqüentemente confunde os homens. Um suspiro alto significa que ela pensa que você é um idiota e que ela está imaginando porque ela está perdendo tempo parado ali discutindo com você sobre “Nada”.



6 - "Tudo bem": Uma das mais perigosas expressões ditas por uma mulher. "Tudo bem" significa que ela quer pensar muito bem antes de decidir como e quando você vai pagar por sua mancada.



7 - "Obrigada": Uma mulher está agradecendo, não questione, nem desmaie. Apenas diga "de nada". (Uma colocação pessoal: é verdade, a menos que ela diga "MUITO obrigada" - isso é PURO SARCASMO e ela não está agradecendo por coisa nenhuma. Nesse caso, NÃO diga "de nada". Isso apenas provocará o "Esquece").



8 - "Esquece": É uma mulher dizendo "FODA-SE !!"



9 - "Deixa pra lá, EU resolvo": Outra expressão perigosa, significando que uma mulher disse várias vezes para um homem fazer algo, mas agora está fazendo ela mesma. Isso resultará no homem perguntando "o que aconteceu?". Para a resposta da mulher, consulte o item 3.



10 - "Precisamos conversar!": Fodeu!!!, você está a 30 segundos de levar um pé na bunda.



11 - "Sabe, eu estive pensando...": Esta expressão até parece inofensiva, mas usualmente precede os Quatro Cavaleiros do Apocalipse...



Claro que tem algumas coisas que podem ser melhoradas, mas isso explica muita coisa! UAHEAUEAHEA, amei..

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Lua Nova

Me calei. De minhas próprias palavras fiz a mordaça que amarrei em volta do meu rosto. Pra segurar minha boca que, tão pouca, se fazia grande em expôr-se. Cansou-se desse meio sentimento quase inteiro, dessa metade de um amor parte verdadeiro e parte inventado.


E vivido, mas tão sorrido e sofrido que chega a ser maquiado.


Samba a canção da vida com seu melhor vestido que está, hoje, amarrotado. E sujo, e rôto... Precisando de uma água, um sabão, uma mão nessa contra-situação de saturação do nosso carbono insaturado. Humano insaturado. Injustiçado pela vontade sem volta. Você volta?


Todos a minha volta são os outros que, tão poucos, não são nada. Só você seria. Isso se me quisesse sua, com minha canção de rua, minha verdade crua...


Olho meu céu sem lua. Sem você. Lua nova, maré vazia. Minha cantoria? Amordaçada.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Só de sacanagem

Meu coração está aos pulos!


Quantas vezes minha esperança será posta à prova?


Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.


Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?


Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?


É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.


Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, “Esse apontador não é seu, minha filha”. Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.



Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.


Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba” e vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”



Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!”


autora: Elisa Lucinda