quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

E foram felizes para sempre.

Dirigir é questão de aprender a escutar os sons do carro. Aliás, a vida é uma imensa prova em branco e o som é a resposta. Já ouviu o barulho que um casal apaixonado faz? A música que toca quando o sol toca o mar - aquela chiado gostoso de fim de tarde - ou a gargalhada de uma criança caída no chão, contorcendo-se de... Cócegas? Pois é. Estou começando a escutar o silêncio que se trancou em mim. Conviver comigo mesma não é fácil, aprendo agora. Entender os meus desejos é tão conflitante quanto desejá-los. Quero, não quero, jogo para cima, ligo sem ter o que dizer, digo que ligo quando mal me importo, me importo de estar mal e fico bem por que não há outro jeito senão ficar. Bem. Totalmente entregue, à mercê dos sons, das músicas, das canções que invadem todos os cômodos da minha casa fria. As paredes ainda me lembram alguém, mas parei de tentar esquecer e começo a me acostumar com a lembrança. Passei a me tranquilizar com a falta por que sei que os planos continuarão sem fim e aquela caixa de memórias terá um rosto guardado para sempre. Este foi o meu para sempre: Ouvir os sons da vida, não a voz dele.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Teste que nunca falha

"Aqui
Agora que você parece não ligar
Que já não pensa e já não quer pensar
Dizendo que não sente nada
Estou lembrando menos de você
Falta pouco pra me convencer
Que sou a pess
oa errada"

Ana Carolina

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O leitor invisível

Essa hora da noite e meu celular abandonado, sem sentido lá no quarto. Essa lua no céu e ninguém que queira me ouvir falar do quanto ela me lembra aquele dia na pracinha, você dizendo que poderia passar a vida inteira me olhando debaixo da lua. Estou escrevendo para você outra vez, nesse canto abandonado que você nunca visita, nunca mais. Nunca mais para tantas coisas e hoje até chorei. Por que o nosso nunca mais é retrocesso também. Foi nunca mais para trás, nunca mais que não traz nada além de um vazio enorme. Vazio sem solução por que nem olhando nos seus olhos o fogo volta, a paixão ressurge. Nada além do abismo em que você me atirou, se retirou e me deixou aqui sozinha. Talvez ninguém tenha te dito, mas eu ainda me lembro:
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Eu, entende? Você é responsável por mim eternamente. E eu estou me esquecendo de nós dois, esquecendo as nossas razões, estou esquecendo você. Triste como o dia termina, a lua está lá fora e eu aqui, só com o mesmo blog continuando a conversar com o único "você" que ainda me escuta.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

"Respirar amor, aspirando liberdade."

Eu quero me deixar viver. Mais de mim para mim mesma e quando eu estiver cansada, outro gole de Carla que me absorva em todas as novidades que a vida me traz. Pensei que ia ficar mal sem ele, mas estou é reavendo os meus pedaços. Pensei que tinha me perdido para sempre, mas acabei de me encontrar na esquina lá de casa. Não há muito o que dizer, a música dele acabou para mim e agora a minha voltou a tocar bem alto. Nada de alguém que tire a minha melodia, quero duas vozes cantando juntas agora. Quero alguém para mais. Aliás, quero eu. Só eu por enquanto.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Quando fui chuva

"Nada do que fui me veste agora. Sou toda gota, que escorre livre pelo rosto e só sossega quando encontra a tua boca." - Maria Gadú

Não gosto muito dela, mas o trecho é lindo e só verdade.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Contos de uma amiga

Querida amiga,

Está doendo tanto ser rejeitada desse jeito... Além de toda a indiferença, isso dói tanto. Não sei nem dizer o quanto, sério. Não é nem o fato de que ele vai ser de outra pessoa, de que não vamos ter os filhos que eu sonhei, de que não vai ser ele me esperando lá na frente da igreja quando eu entrar com meu All Star. Veja bem, não estou nem me arrependendo pelos amigos que deixei pelo caminho, pelas festas que não fui, pelo show que furei, pelas vezes que já chorei por causa dele. Eu só lamento ter amado com tanta força e isso tudo ter morrido antes de chegar nele e voltar para mim. Lamento ter desperdiçado tanto tempo cultivando amor enquanto ele cultivava a indiferença que o esfria. Nunca pensei que fosse conhecer esse lado dele, mas já conheço há bastante tempo, não é? Eu sei que sim... E estou me sentindo tão pequenininha agora, tão pequena sem meus sonhos com ele, sem minhas certezas. Até a esperança me abandonando devagar e, quando ela morre, amiga, nada mais existe. O mais triste de tudo não é a morte de nós dois. É a morte do amor que eu construí e cuidei... Sozinha.
Enfim, que venham as outras músicas ou que o volume dessa aumente.
 
 
Após colocar o dedo na garganta, sua melhor amiga.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Abraço mudo

Os dias passaram e as coisas foram acontecendo em ordem decrescente. Bolas de neve entrando em nossa casa. Aqui dentro tem feito tanto frio, meu querido. E as coisas acumuladas que tiraram tantos pedaços de nós dois, as faltas e os nao-ser intermináveis que me prenderam o fôlego por mais segundos do que eu podia suportar. Mas suportei. Estou aqui ainda com todo o meu amor do início, com toda a paixão que já tive, só um pouco mais cansada, um pouco menos intensa. A anestesia que era sua passou às minhas mãos e estou usando dessa droga para esquecer também. Minha loucura cansou-se em tanta lucidez sem sentido. É só o silêncio nos abraçando e, mesmo desse jeito bizarro, depois de tanto tempo é a primeira vez em que te sinto junto de mim outra vez. Presos no nosso silêncio. Estou sem palavras agora. Estou sem som nenhum. É como se a música que eu escutava estivesse terminando lentamente e fosse ficando cada vez mais baixa... É torturante, mas, mesmo que eu tente, não consigo mais escutar nada.

"A saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência." - Martha Medeiros