terça-feira, 4 de maio de 2010

Um calo

Ah que estou às voltas comigo mesma! Já não encontro um par de sapatos que não me esmague os passos e o juízo. Caminho sempre desesperada voltando ao seu caminho por que me acostumei com a estrada que lê meus pés como conto de fábulas já conhecido. Me encontrei numa esquina. A bifurcação estreita que todos conhecem poeticamente como encruzilhada da vida. Estou aqui, parada, pensando comigo mesma se melhor seria seguir à direita, à esquerda ou simplesmente continuar o meu caminho sem volta. É uma estrada estranha que já foi ritmada por cadências de viveres pincelados por um outro poeta que não eu. Nunca decidi que viria por aqui, mas não sei como voltar. Ou melhor, eu sei. Mas não quero. Preciso dar um fim a essa agonia de maledicências e aceitar que o meu melhor está bem longe do mais que tu tens me oferecido. Tão pouco que és, não poderia realmente esperar que me entregasse além daquilo que tu mesmo possuíste. Injusta que fui. Estou cansada, mal acostumada e enojada. Quando foi mesmo que comecei a calçar sapatos tão apertados e me sentir feliz apenas por tirá-los?



Inspirado na história de: Patrícia Massa

10 comentários:

  1. Carlinha eu ameeeeei. Você escreve maravilhosamente bem e sabe envolver todos que lêem *-* ameei amei amei de coração *-* ( virei fã ) !

    beeijos, Carine Pinto (:

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  2. A solução do conflito não reside nas teorias nem disputas de poder, mas no afeto que implioca respeito, superando paradoxos naturais e lançando pontes entre contrários às vezes hostis.
    É isso aí, descalçar os sapatos apertados,sentir-se livre e um pouco mais humanos.

    Muito bom!

    Um beijo

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  3. Escolhas. Esse é o real poder que temos. Caminhos... Passos... Ações planejadas deliberadamente. Beijos.

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  4. Há uma hora em que mesmo que o coração diga não devemos encerrar um capítulo da nossa vida e dar oportunidades para nós mesmo começarmos a escrever outro. Devemos nos desapegar de tudo que já não nos faz tão bem como antes. Adorei o texto e me identifiquei nele.
    Você escrevee muito bem, parabéns!
    voltarei sempre.

    beijos ;*

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  5. "Estou cansada, mal acostumada e enojada. Quando foi mesmo que comecei a calçar sapatos tão apertados e me sentir feliz apenas por tirá-los?"

    Boa pergunta!!!
    Fala de escolhas, de que estrada realmente seguir, vivo esse drama quase todos os dias na minha indecisão diaria!
    Você colocou isso em palavras e transfomou isso em algo palpavél.

    Gostei muuuito como sempre!

    P.s: Coisas de tecnologia mesmo, desconfio as vezes que sinto uma mais falta de pessoa "virtuais" que as reais algumas são assim. rs
    Vou esperar sim a musica, pode levar o tempo que quiser haha
    Só vou morrer um pouquinho de curiosidade, no mais obrigada por fazer isso e assim um presente!


    MIL beijos minha flor!

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  6. há caminhos que não devemos percorrer, embora sejamos tentados a fazê-lo

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  7. fantástico! devemos tirar os sapatos sempre que eles nos apertam, é sinal de há algo além de um pé dentro deles, há coisas que sufocam e corroem a alma. temos que tirar essa pedra que há dentro deles, trocar as meias e seguir pelo caminho certo, mesmo que seja o mais complicado.

    beijão!

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  8. as vezes é necessário escolher um caminho, mesmo havendo a possibilidade de voltar para trás. O que covenhamos ser impossível.

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  9. Adorei o texto *-*

    Aaah... desculpa a demora pra aparecer por aqui :/ eu realmente estava sumida 'rs
    Vou tentar ficar por aqui mais vezes (:

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  10. A vida às vezes nos faz dar voltas, como os hebreus que Moisés tirou do cativeiro. Antes que cheguemos a Canaã, os pés já estão bem machucados. Tirar os sapatos é bom, dá prazer, mas se damos voltas, voltaremos a pô-los, e...

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