sexta-feira, 21 de maio de 2010

Outro sol

A verdade é que às vezes eu também me canso. Não é um cansaço de dizer 'ah, vou jogar tudo pra cima e dane-se'. Longe disso. É só aquela sensação de que tem alguma coisa faltando. É a vontade sem descanso, é a saudade sem abraço, é o pensamento se voltando pro descaso. São imensos fins de tarde onde o sol se põe e não há como perguntar se você percebeu. Cansa que seu sol não seja o mesmo que o meu. Só não é opção descansar agora. Vai continuar cansando, como pulmões enchendo-se de ar e esvazeando em seguida. Vai continuar indo e vindo em ondas de ápice intercaladas por calmas insuportáveis e desesperos esporádicos. Constante e eu me cansando, me saturando... Até uma hora que eu me dispo de tudo isso e coloco pra fora em verborragia mal trabalhada os cuspes de arranhões profundos. E lá estão todos os meus cuspes secando na calçada. Por que tudo isso seca, se é que você me entende. Tudo isso passa. O que fica é o que há de mais intenso. Aqui comigo eu só trago as escolhas. E escolhi você. Mesmo que hoje seja sem o pôr-do-sol.

2 comentários:

  1. A falta... ela tbm me cansa às vezes, mas nada comparado com a que sente.

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  2. tudo cansa. Tudo muda com um novo sol. Eu gosto daqui, porque eu sinto complexidade nos seus textos e eu sou louca por desafio. Eu sou louca por aprender alguma coisa a mais.

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