segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Pacto


Olhos vermelhos buscando em todas as direções até nos encontrar.
Gosma preta escorrendo lentamente de um peito fechado que pára calmamente de pulsar.
Desejos malditos e benditos se misturando lentamente à vontade de dançar.
Dançando calmamente nas ruas vazias de uma cidade que parou de viver pra, em silêncio, observar.

Sorrimos felizes com a sensação de medo anestesiada.
Recupero os meus sentidos por um momento e estou aterrorizada.
Fecham-se as janelas e a cidade parece sepultada.
Num silêncio que faz eco à tragédia esperada.

Você me puxa pela mão sem lampejo algum de consciência.
Eu vou seguindo a estrada contigo num estado mudo de dormência.
Meus sentimentos em conflito até que eu perca a paciência.
Caminho feliz pra o dragão e seus olhos cheios de malevolência.

Como quem não sabe o que faz, você anda até tocá-lo.
Puxa a minha mão e me faz acariciá-lo.
Quero correr, quero gritar, mas é bom ficar perto e abraçá-lo.
Até o dragão nos perceber com seus olhos vermelhos inflamados.

Viro o rosto até o dele e o percebo nos observar.
Meu coração agora entende que esse é o fim de tudo o que há pra se falar.
Você também sai do transe e me olha como quem deseja suplicar,
mas eu suspiro, decidida, sabendo que uma hora isso teria que acabar.
Fecho os olhos sem mais te ver e deixo, em silêncio, o dragão me devorar.

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