Estou me rasgando inteira de desespero. Grito em sussurros mudos a mais incontrolável melodia de não ser quem finjo. Quem é essa coisa seca que sorri o meu sorriso no espelho? Quem é essa pessoa meio viva, meio andante que está dublando as minhas falas pela rua? Por que vejo outro alguém emaranhado debaixo das minhas roupas? Cadê eu que me perdi em alguma esquina dentro de mim? Tudo o que sei é que me soterrei na queda das minhas próprias torres e sentei naquele canto escuro para observar a minha demolição. Me deixei perder. Estou perdida! No labirinto mais interno que criei pra fugir. Eu fugi depressa demais. Fugi de medos que deveriam ter sido enfrentados, mas não sei voltar. Me ajudem. Fantasmas me agarram, me puxam, me prendem, me sufocam, me levam... A ondas me levam... Me afogo em sensações de outra pessoa que hoje, sem razão, dei pra sentir. Essa frieza toda não é minha, juro. Eu costumava ser quente. Eu costumava ser viva. Mas não sei voltar.
"Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém." - Caio Fernando Abreu
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