segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Pacto


Olhos vermelhos buscando em todas as direções até nos encontrar.
Gosma preta escorrendo lentamente de um peito fechado que pára calmamente de pulsar.
Desejos malditos e benditos se misturando lentamente à vontade de dançar.
Dançando calmamente nas ruas vazias de uma cidade que parou de viver pra, em silêncio, observar.

Sorrimos felizes com a sensação de medo anestesiada.
Recupero os meus sentidos por um momento e estou aterrorizada.
Fecham-se as janelas e a cidade parece sepultada.
Num silêncio que faz eco à tragédia esperada.

Você me puxa pela mão sem lampejo algum de consciência.
Eu vou seguindo a estrada contigo num estado mudo de dormência.
Meus sentimentos em conflito até que eu perca a paciência.
Caminho feliz pra o dragão e seus olhos cheios de malevolência.

Como quem não sabe o que faz, você anda até tocá-lo.
Puxa a minha mão e me faz acariciá-lo.
Quero correr, quero gritar, mas é bom ficar perto e abraçá-lo.
Até o dragão nos perceber com seus olhos vermelhos inflamados.

Viro o rosto até o dele e o percebo nos observar.
Meu coração agora entende que esse é o fim de tudo o que há pra se falar.
Você também sai do transe e me olha como quem deseja suplicar,
mas eu suspiro, decidida, sabendo que uma hora isso teria que acabar.
Fecho os olhos sem mais te ver e deixo, em silêncio, o dragão me devorar.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sei lá

Hoje me deu saudade de Natasha. Como será que ela está? Um ano sem saber notícia nenhuma...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Outra carta

Hoje me deu medo de novo, mas, ao contrário da outra carta, nao vim falar de medo. Vim falar de amor. Dessa coisa maravilhosa que eu permiti acontecer na minha vida, que você permitiu acontecer na sua vida, que somos um pro outro. Amantes. No sentido menos carnal da palavra. No sentido mais verbal da palavra. No sentido literal. Amantes como duas pessoas igualmente diferentes que se amam. Eu sei lá, adoro nossos planos. Adoro você me imaginando de vestido e All Star, adoro o "eu te amo" no fim de cada conversa, de cada mensagem. Não pra lembrar de uma coisa que jamais poderia ser esquecida, mas pra reafirmar um querer que escapa do coração e corre pra a boca, pros dedos, pros olhos. Meu olhos são só o brilho desse sentir fascinante. Estou extaziada pela sensação vibrante de ter alguém que me ame, alguém que se importe, um futuro juntos tão distante quanto São Paulo da Bahia. Que merda de duas horinhas! Você não é certeza minha, mas é uma dúvida gostosa do que vem no decorrer do dia, é serenidade, é brincadeira, é você e isso é tanto! Ah, eu te amo. Esse era o intuito da carta. Deixar gravado que hoje, Vinícius, hoje eu te amei ainda mais que ontem. Mesmo quando, ontem, achei que não seria possível.



"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra." - Caio F. Abreu

domingo, 17 de janeiro de 2010

Uma amiga.

Estou me rasgando inteira de desespero. Grito em sussurros mudos a mais incontrolável melodia de não ser quem finjo. Quem é essa coisa seca que sorri o meu sorriso no espelho? Quem é essa pessoa meio viva, meio andante que está dublando as minhas falas pela rua? Por que vejo outro alguém emaranhado debaixo das minhas roupas? Cadê eu que me perdi em alguma esquina dentro de mim? Tudo o que sei é que me soterrei na queda das minhas próprias torres e sentei naquele canto escuro para observar a minha demolição. Me deixei perder. Estou perdida! No labirinto mais interno que criei pra fugir. Eu fugi depressa demais. Fugi de medos que deveriam ter sido enfrentados, mas não sei voltar. Me ajudem. Fantasmas me agarram, me puxam, me prendem, me sufocam, me levam... A ondas me levam... Me afogo em sensações de outra pessoa que hoje, sem razão, dei pra sentir. Essa frieza toda não é minha, juro. Eu costumava ser quente. Eu costumava ser viva. Mas não sei voltar.


"Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém." - Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Minha Diva

A primavera da minha vida, o sorriso no meio da minha dor.. Você é a canção mais alegre que eu já cantei. Você é o melhor porto seguro, a mais forte rocha de segurança quando meu alicerces tremem e minhas bases dissolvem-se debaixo dos meus pés. Foi o fim da minha solidão e é pra onde corro quando ninguém mais será suficiente. É aquela que escuta tudo que tenho pra dizer, sejam coisas bonitas ou feias, tristes ou engraçadas, que dizem tudo ou não dizem nada... Meu diário sem sensura, minha certeza absoluta, a fortaleza que se enfraquece junto comigo e me dá segurança pra levantar a cabeça e acreditar em mim passo após passo.
Obrigada por estar comigo nesses quase quatro anos de amizade sincera repleta de altos e baixos, mas sempre transparente.
Eu te amo, Priscila Simões. Amo como nunca e como sempre. Te amo eternamente.


"Venha quando quiser, ligue, chame, escreva - tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim" - Caio F. Abreu

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sol de meio-dia.

Sou novelo de lã brincado pelo gato.
Me segurei em suas verdades. Me doei completamente a esse sentimento mais ação que sentir e mais sentir que aproximar. E, quando percebi suas mãos de calor tocando a minha alma fria de terror, moldei-me à sua temperatura firme. Você abençoou meu coração e minha janela de sensações com as cores mais vibrantes e quentes. Eu derreti. Derreto-me hoje lembrando do que aconteceu a mim debaixo desse sol de meio-dia, debaixo do calor que o seu sorriso irradia. Pra dentro de mim. Fiquei cega, fiquei perdida e me acostumei depois à claridade e limpeza dessa serenidade de sentimentos embaralhados.
Novelo de lã brincado pelo gato.
Emaranhado de sentir estranho... Novo... Calmo... Seu. Estou aqui presa por um fio de amor, uma pontada de luz que iluminou cada canto escuro do meu quarto mofado de medo. Não sei me esconder de você. Empobreci perdendo o meu vazio, mas ganhei um preenchimento que hoje me sacia. Estou completa. Mais eu, meio você.
Novelo de lã brincado pelo gato.
Hoje desembaraçado.



"Tornar o amor real é expulsá-lo de você para que ele possa ser de alguém."

Garota Invisível

Invisível pra ele é o que sou.
Não existem muitos erros por ser assim.
Nunca contei que desde que fiquei consciente de sua presença aqui na terra - a minha terra, - jamais deixei de notar.
Notar seu cheiro, seu jeito, sua boca...
Notar você.
E porque não me nota?
Sou assim tão invisível que não vê como te sigo?
Te sigo com os olhos
Com a mente,<
Com o corpo que aponta em sua direção.
Mas não dá pra esquecer que ainda assim sou invisível.
Será que isso pode me valer de alguma forma?
Sendo assim tão difícil de ver talvez eu consiga chegar aí perto.
Perto de você.
Junto de você.
Dentro de você...



Por: Lena Reimão.



"Meu coração tá ferido de amar errado." - Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Segurando Lágrimas

Hoje o dia parece frio.
A disposição me abandonou ha muito e agora onde está o calor?
Como pode? O jornal diz que é verão!
Minhas mãos estão geladas e é como se eu não suportasse mais conviver comigo mesma. Estou me congelando, me evitando!
Você já se evitou antes?
Evitou estar só consigo mesmo?
Bem, eu costumava gostar disso...
Era quando eu parava e analisava como eu estava e como as coisas estavam indo. Gostava de sentar na escada q dava para o andar de cima da casa em construção e ficar lá, no topo da escada, enquanto me monitorava por dentro.
As coisas pareciam em ordem sempre, então eu encostava a cabeça na parede e deixava
a sensação de estar no alto me dominar. Era tudo tão inocente e feliz. Tudo funcionava tão bem em mim que eu podia ajudar a todos por que não tinha problemas. E eu gostava disso! Gostava de analisar, ajudar, cuidar, aconselhar.
Gostava de estar só e pensar em como fazer as coisas certas para mim e para os que eu amava. Eu me sentia saudável por dentro mesmo quando meu corpo por fora reclamava do sereno. Podia ser qual quer estação e eu me sentia quente, viva e pronta pra enfrentar tudo e correr atrás do que eu decidia. Eu era perfeita com minha força interior.
Claro que não digo perfeita sem defeitos chatos. Não é isso! Falo do meu “eu”. Era forte!
Só que hoje, hoje não tem mais nada... Mal funciono.
Não tenho mais vontade de estar no alto, não me sinto mais forte, feliz ou confortável. Sinto- me só, com medo e com frio.
Tenho medo de pensar, tanto medo.
Me afoguei em livros em histórias que me tirem da terra e me levem pra longe de mim mesma, além disso, ando tendo terror à noite que eu amava tanto. Sempre achei q ficava mais bonita à noite, mas hoje prefiro estar escondida. Não gosto mais tanto de ver as estrelas começarem a aparecer no céu.
Não, não desisti da vida como parece. Só não consigo funcionar sem pensar e não posso pensar senão ele vem! Sem convite ou permissão ele vem e ataca todas as minhas defesas. Ele é como um vírus que controla meu funcionamento e, quando eu tento excluir parte de minha configuração, vai junto deixando apenas o vazio, o frio, o nada.
Mas não choro! Eu não choro!
Prometi não chorar.




Texto de Lena Reimão. Meio modificado por mim.



"Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo." - Caio F. Abreu

domingo, 10 de janeiro de 2010

Atormentada por Mummy

Não posso dizer que estou cansada, mas sim completamente despreparada pra essa guerra sem armas onde fui lançada. Me sinto por vezes perdida em meus próprios pensamentos e outras vezes aturdida por meus fortes sentimentos. Eles me sacodem como ondas na rebentação que grita ordens ao vento e espera que todas sejam atendidas sem levar em conta qualquer que seja o sofrimento! Nessa disputa de emoções onde o amor não tem vez, voz, grito... Não importa se somos sobreviventes ou apenas mortos e feridos.
Longe de tudo o que aprendi foi preciso me reinventar, mas a cada buraco fechado abro outro com a terra que tirei do lugar.
Ninguém pode se perder tanto afim de mudar.
Não importa o quanto eu me debata, o labirinto já se fechou ao meu redor. Não há saída pra trás e a perspectiva de avançar, apesar de única, não é melhor.
O frio me sacode o corpo inteiro e o desejo de voltar a ser quem fui primeiro ameaça atormentar, mas deixe que eu te digo: O maior perigo de querer mudar é que, quando começa, você não pode parar!
Os desejos te devoram, a ânsia por mais te atinge, seus demônios imploram, angustiam, afligem. Eles não vão embora até que você enlouquece, apodrece e chora!
Chora por que não entendeu quando foi que, em tudo isso, se perdeu.
Assim como chorei quando, ao parar em frente ao espelho, olhei e não vi mais "eu".




Produzido em 05 de fevereiro de 2009



"Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo por que digo 'mais', se não estou certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora." - Caio F. Abreu

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Free Falling

Eu poderia dizer o que é isso, mas meu inguiço se misturou ao seu feitiço.
E agora eu sou zonzeira de uma tarde de sol.
Eu sou o peixe mais feliz preso a um anzol.
Eu sou o medo desesperador de um futuro incerto.
Eu sou a corda bamba de desejos paralelos.
Sou sua amiga, sua namorada, sua pra sempre, eu nao sou nada.
Mas o que sou, isso te dou.
Pra que seja comigo.
Entrego tudo que tive e me jogo com você em queda-livre.

Template

To muito nervosa com o template daqui, cara.
Sério que eu até parei de postar no blog que é pra não me irritar.
Enfim, depois eu volto. Beijos.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Lábios Ressecados

Eu estou mudada. Mais grave em nota, num tom mais baixo, numa música mais intensa. Desequilibrada. Com cabelos vermelhos, tatuagens manchadas, unhas descascadas. Eu estou encantada. Pela sua flauta doce, pelo seu tipo de feitiço mestiço de amor com algo mais mágico que isso. Pelo seu sorriso.
Quero ser uma caixinha bem pequena em que coloco sonhos e te envio ao correio, quero ser aquelas suas frases cortadas ao meio, quero ser o meu próprio silêncio em função de ouvir a sua voz, quero ter você junto pra sermos um em nós.
Me abrace, me sussurre, me empurre pra perto me puxando pra longe nos seus braços, de cabelo emaranhado em seus abraços, prometo seguir seus passos e não esquecer seus traços que contornei com a ponta dos dedos - que eu lembro contorno após contorno se fechar os olhos.
Sou mais você, me reconheço em ti, me vejo em seus reflexos, vejo suas manias em mim. E hoje, se chove, é chuva de tristeza de um céu sem nuvens... Céu que esperou dias pra chorar nossa distância e aqueceu a nós dois em cada esquina que andamos no rastro de uns e outros corredores.
Amores, palavras, guardadas.. você volta? Me aqueça. Sua memória: eu te amo, nao se esqueça.