Antes de ontem eu estava reparando em mim mesma. Acho que sou meio maluca agora. Aquele tipo de maluquice de gente que coloca os fones de ouvido e esquece de ligar a música, sabe? Eu prefiro passar na frente dos carros do que subir a passarela, mas se está chovendo e eu estou com pressa, aí a passarela parece ser indispensável e eu acho que vou morrer se cortar caminho na frente de um caminhão. Me desespero se tento falar com meu pai e ele não atende, mas se me dizem que foi um acidente, ele enfiou o carro debaixo de uma carreta e deu perda total, então eu relaxo. Se ninguém disse que morreu, é por que vai ficar tudo bem. E fica. Eu reclamo por que meu namorado fala comigo com voz de sono, reclamo por que ele não me retorna na hora do almoço, reclamo por que não me mandou mensagem, reclamo por que ele dá risada das próprias piadas particulares que inventa com o meu nome e depois quero que ele esqueça tudo o que reclamei e pare de se desculpar. Por que ele fica se desculpando? Eu é que deveria agradecer todos os dias a paciência que esse homem tem de chegar cansado e ainda ouvir todas as besteiras do meu dia comentadas. Por que contar besteiras já é o que faço sempre, mas comentá-las é privilégio dele. Aí eu chamo a minha amiga para dormir aqui e, se ela não vem, fico pensando que resolveu me abandonar de vez, mas quando vem eu a deixo no computador e vou ligar para ele. E conto que passo na frente dos carros ao invés de ir pela passarela. Ele fica bravo e preocupado e eu sorrindo por dentro. É por que ele se importa, não é? Daí fico feliz e vou ouvir qualquer coisa. Coloco os fones de ouvido e começo a escrever no blog. Esqueço o que pretendia escutar e fico com os fones de ouvido mudos na orelha. É, acho que eu sou meio maluca mesmo. E hoje ainda faltei aula de biologia. Que Deus me proteja!
sábado, 31 de julho de 2010
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Como eu quero
Estou preguiçosa hoje. Até de continuar a minha mudança tão profunda eu estou dando um tempo. Quero só alguns minutos parados no relógio para me jogar no sofá e descansar de mim. Não há nada agora que me conquiste além do não-fazer. Nada além do não-dizer. Indecifrável que sou, acordei achando que tudo pode esperar. Você que me abandone por que cansei também do seu sorriso. Mas isso só por dez segundos. Pronto, passou. Já quero você outra vez. É que ainda não mudei tudo o que tinha que crescer, então meu egoísmo é te privar do lado mais inconsequente e, talvez, mais divertido de mim. Tire sua bermuda, fique sério e do meu jeito. Tenho aprendido a ser bem melhor, mas ainda fico muda e sem tanta cara de mistério. Minha fala presa e meus rabiscos tão poucos são só embaraço perto da sua disposição em falar coisas que não sei dizer além do que escrevo. Hoje acordei com preguiça, mas hoje está acabando. É como dizem: Tudo na vida passa. Até uva passa.
"E não obedeceria porque gato não obedece. Às vezes, quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da sua liberdade sem coleira." - Lygia Fagunde Telles
Para quem queria o link sem ter que adicionar a comunidade. Beijos.
sábado, 24 de julho de 2010
Na menor medida
Hoje, deitada na cama depois do sono da tarde - que usei para recuperar o que se perdeu durante a noite. - pensei em você e me deu uma saudade. Senti tanta falta da época em que conversávamos sobre qualquer coisa e riamos à toa como se a vida dependesse apenas daquele segundo. Ainda lembro do seu sorriso antes disso tudo começar. Você tinha uma vida impressionante rasgando as veias e eu confesso que não soube conviver muito com essa garota com cara de medo que você se tornou. Seus olhos não soltam faíscas mais, sua risada não vira gargalhada presa na garganta e tudo seu é numa medida muito menor agora. Fico aqui me perguntando quem foi que mudou primeiro. Se fui eu que deixei de entender as nossas diferenças ou se foi você que ficou diferente demais. Hoje me imaginei indo embora sem sentir saudade de quem você é, mas meu peito apertou com o buraco que a pessoa que você foi deixou. A gente era a única pessoa para quem a outra podia correr, não era? Agora corremos para lados opostos como se a felicidade de uma repelisse a da outra. Não conseguimos mais dizer nada que não ofenda, que não magoe ou que não tenha tom de ofensa e mágoa por trás de um pedido simples. Não importa o quanto eu chore a nossa distância, já não acredito mais que você volta. Eu mesma me recuso a voltar para quem eu era naquele tempo, então achei que seria demais exigir isso de você. Só estou escrevendo isso por que, como eu disse, ainda me lembro do seu sorriso antes disso tudo começar. E sinto sua falta, minha irmã.
Em memória da minha irmã mais velha.
Prefácio - A Investigadora
As marcas deixadas pelo abandono de sua mãe quando pequena fizeram de Kate uma mulher bastante diferente do que se vê por aí. Ela é auto-suficiente. Não acredita em amor, não lê romances ou assiste filmes, mas descobriu sua paixão mais avassaladora quando entrou para a academia de polícia de Los Angeles. Sua ascenção até o FBI não foi tão penosa quanto fora para todos aqueles homens barbudos de ar cansado. Ela não tem um lar pra onde voltar e, por isso, Katherine Caldwell nunca se cansa. Eleita recentemente como a melhor investigadora do estado, Kate é mandada para coordenar o distrito de Houston, no Texas e arruma suas malas rumo a um novo passo da sua promissora carreira, mas...
Link aí em cima para quem tiver curiosidade. Depois posto alguma coisa de blog mesmo. Minha criatividade para textos está tendendo a zero. Beijos.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Breathe
E tudo o que eu fiz? Tentei mostrar de todas as maneiras que você foi o único com quem me importei até hoje. Debati-me dentro do meu próprio silêncio para que você pudesse escutar as minhas palavras engasgadas e presas à garganta e hoje me diz que não enxerga nada disso? Onde esteve todo esse tempo em que me virei do avesso para mudar por você, para não ter medo, para me jogar e sentir o calor do seu abraço em potência máxima de conforto. Não acredito ainda que seja tão impossível ouvir as batidas do meu coração desesperado quando a sua voz me deixa tonta de tanto sentir. É transbordante e me aquece a ponto de corar o meu rosto e escorregar corpo abaixo. Você é o fogo de mil infernos que se apoderou de mim e ainda assim não percebe que a minha temperatura se ajusta à sua? Palavras são tão pouco quando tudo em mim grita o que não sei dizer. Falo demais e não te digo nada espontâneo. Ignore as minhas palavras. Ensaiadas ou não elas não são nada. Permita-me respirar só mais uma vez o seu ar e explicar que as risadas, lágrimas e os abraços de partida e chegada são mais do que qualquer coisa. Estou ainda aqui, escrevendo para você às duas da madrugada, por que preciso desesperadamente que me entenda e nunca precisei de ninguém antes. Não vê? Não vê que passei a esperar a sua aprovação, o seu sorriso e a me encaixar no seu mundo pequeno demais pra caber todos os meus sonhos? Encolhi meus sonhos ao tamanho dos seus e estou aqui, escrevendo enquanto carros passam pela avenida e depois é só silêncio. É isso o que fomos? Carros na avenida às duas da madrugada? Agora então é hora do silêncio? Desculpa se não consigo fechar a boca, parar os dedos, deixar as cartas de fora da sua indiferença. Prometi nunca implorar nada, mas pedir que me escute é um direito! Leia meu diário, viole a minha alma e vai entender que todo o meu futuro se traduz no seu nome. Converse comigo só mais uma vez. Converse comigo enquanto os carros passam na rua lá fora e as luzes da cidade se apagam. As minhas luzes estão piscando insanamente e eu tentando me manter sóbria e acordada sem nada além das minhas pernas que sustentem a queda. Alto demais. Fale alguma coisa, me escute, me entenda, perceba, converse comigo. Não havia dito antes, mas eu te amo. Mesmo que não escute nada agora que o seu rosto olha para qualquer lado que não seja o meu. Eu amo você.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Pote cheio
Hoje acordei tendo certeza. Aquela confirmação interna de que você está do outro lado me querendo o mesmo tanto - mesmo que em sonho. Aquele som do meu rádio tocando a nossa música na sua sintonia e o mundo girando a favor do meu sorriso. Não há explicação para essa vontade de gritar mundo afora o que você representa e pintar em todas as paredes as cores do nosso amor. É tão brega falar de amor, não é? Mas já que resolvi crescer e comentar sobre os meus sentimentos escancaradamente - isso sem as meias voltas que costumo dar. -, por que não citar a força que nos impulsiona mais? É tudo misturado. É amor, é amizade, é um pote cheio de saudade e uns docinhos de vontade para não matar ninguém pelo tanto que arde. Os docinhos são picantes, você sabe. Então estou certa essa manhã de que tudo o que eu disser corresponde ao seu nome por que a minha mente se esqueceu de como é enxergar as coisas sem seu rosto como plano de fundo, sem sua voz como música tema. Ah, você, a razão de todo esse sorriso, a confusão dos meus olhos apertados e aquela eterna interrogação independente de quanta certeza me afogue.
Depois da escola
Bagaço, cansaço, só um pedaço.
Dormir, assim, a cama inteira só pra mim.
Estudar, memorizar, deixa pra lá.
Melhor, forró, tenha dó.
Dormir, assim, a cama inteira só pra mim.
Rimei, gostei, mas já parei.
(tchau)
domingo, 11 de julho de 2010
Cores, fios e gotas
Os sonhos dela estão na cartola. Tirados como mágica e apresentados um a um para toda a platéia, eles fazem sorrir e impulsionam as lágrimas. Quem é essa menina que sonha coisas tão pequenas e impossíveis ao mesmo tempo? Quem é essa mulher que troca o salto pelo All Star e a bolsa pela mochila para a estrada levar seus pés aonde quer que queira? Seus sonhos misturam-se com cores no céu, são fios de desejos que entrelaçam-se em seus cabelos e gotas de suor que escorrem por sua testa. Há aqui uma menina cansada. Há aqui uma menina movida pela vida a correr atrás. Mesmo que nunca chegue lá, mesmo que nunca alcance o lugar onde quer chegar a menina deste texto não deixará de sonhar. Seus sonhos estão todos dentro da cartola.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Serpentinas
- Eu vou. - Soltou meu braço direito e pousou a mão no meu rosto. - E, sinceramente, não desejo que você ame. Esse sentimento é muito grande pra você. Suas mãos são pequenas, você fica confusa demais. Fica bem. Adeus. - Me largou.
Soltou meu braço. Soltou meu rosto. Soltou minha vida. Jogou-a para o alto como se fossem serpentinas. E eu fiquei olhando enquanto ele se distanciava. Não olhou para trás e eu agradeci a Deus por isso. Não manteria a minha palavra se olhasse em seus olhos novamente. Não vou chorar. - ordenei - Não vou. Fiz o que era necessario, e se o tempo voltasse, faria novamente.
Fechei os olhos. Respirei fundo. O que eu tanto quis, aconteceu. Ele foi. Eu fiquei. Foi, porque eu quis assim. E agora tenho que arcar com as consequências. Tenho que me sentar e pensar no que fazer com o que sobrou. Tirá-lo de todos os detalhes. Limpar a minha retina e me acostumar a não tê-lo mais ao alcance dos olhos. Por que ele não está.
Minha promessa foi cumprida.
Mas, internamente, ficarei sonhando com o final feliz que não aconteceu.
Tamii Rosenvelt
Texto da minha irmã, só para não perder.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Ciclo vicioso
Não estou me sentindo sozinha dessa vez. Hoje o dia ainda está azul mesmo que ele tenha ido embora. Nada é para sempre e ele diz adeus com o mesmo sorriso torto das boas-vindas. A saudade é interminável, mas a volta é rotina. E mais uma vez, contando até dez, vinte, trinta, dois meses e lá se vai aquela força que acumulei em todos esses dias de proximidade. Guardando em bancos, saldos, crédito de necessidades e tudo o mais que dá para deixar aqui quando se vem de viagem. Sempre o repetido instinto de vê-lo, abraçá-lo, beijar e deixá-lo ir outra vez. Sem mais. Nem menos tristeza ou alegria, um pingo de loucura e músicas altas beirando a inconsciência. Com o gosto na boca e o cheiro na roupa, com o sussurro ainda em replay nos ouvidos e as histórias para escrever em algum lugar escondido. Realmente faz pouco sentido, mas tenho sentido tudo isso com as mentiras de uma reserva para os tempos de frio. Só a falta que me faz indo outra vez para casa e agora nada me bastará. Pelo menos por um tempo, até que tudo comece outra vez.