segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Café Pequeno

Nós dois conquistamos a amizade um do outro tão rápido que acho que nos víamos através das escamas de perfeição que vedam os olhos de qualquer novo amigo antes da plena consciência dos defeitos do outro. Ele era daqueles caras seguros de si que andam não com o rei na barriga, como diria a minha mãe, mas debaixo dos pés. É, ele caminhava por sobre a realeza e se sobrepujava em conhecimento sentimental e auto-controle. Um rapaz tão frio quanto uma noite solitária e tão comedido quanto 300 ml de leite para bolo. Bem, ao menos eu o pensava ser. Ele me fez acreditar na projeção que fazia de si mesmo e eu, de alguma maneira estranha, transbordei mais capacidade de perdão do que havia em minhas reservas particulares. Então veio, como um baque surdo, premeditado e esperado, o açoite da escolha que ele fez.


A dor do desejo de esquecer latejou forte em minha pele marcada, mas a ardência da impossibilidade de deixar pra trás foi o que me consumiu e contorceu até esse leve estado de torpor em que me acho.


Claro que eu podia simplesmente apagar, mas, você sabe, uma boa amizade é como café. Depois que esfria pode ser requentado, mas terá perdido muito do primeiro sabor.

4 comentários:

  1. Nossa a sua colocação no fim foi perfeita...

    Beijoooos e boa semana!

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  2. Como cristais, quando se quebra mesmo reconstruindo ficara suas rachaduras. x) Acredito que na vida muita coisa é assim :s

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  3. A combinação do café ficou perfeita, caiu muito bem! E a sua combinação com as palavras é perfeita *-*
    Beijos.

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  4. Infelizmente é assim que as coisas acontecem. Eles pintam uma coisa pra nós, mas depois que nos magoam vemos quem realmente são. beijos!

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