sexta-feira, 5 de junho de 2009

Never again


Sou uma vítima sangrando. Me largo no chão sentindo cada parte do meu corpo se contorcer no ritmo dos seus passos que se distanciam. Quero gritar, mas são muitas mãos sufocando minha garganta. Demônios, fantasmas, desejos... Tudo! Todos! Cada um espera alguma coisa. Cada um deseja que eu fuja o mais rápido possível pra o mais longe que eu puder de mim mesma. Estou ferida e magoada, mas, ainda assim, sinto a decepção e as expectativas deles me sufocarem. Opressão! Desespero! Curiosidade! Frieza! Às vezes não me reconheço espelhada em minhas próprias palavras cruéis, mas a verdade é que não me importo. Mal consigo forçar meu coração a amar as pessoas que merecem, então sigo fingindo que me preocupo, fingindo que sou amiga, insistindo em ser humana. Não! Sou mais bicho que gente. Cheia de desejo por aquele cheiro, repleta de vontade de usar até que toda a pele se vire pelo avesso. A minha e a dele. Quero mais e, quando tenho, não me satisfaz! Sou insaciável e perigosa. Sou cheia de medos, mas corajosa! Eu não sou nada além de um fio. Um espaço entre a morte, a vida e o vazio. Não choro de verdade e preciso enganar até a mim mesma pra me surpreender. Eles pensam que me conhecem, mas não conhecem e eu não os conheço. Não faço questão. Não quero o sorriso dela, não quero satisfazer aos caprichos daquela outra, não me importo de expulsar todos do meu quarto e me trancar sozinha com minhas vontades estranhas. Eu sou estranha, mas não posso dizer que sou necessariamente forte. Quase nunca sou, mas raramente preciso ser. Na verdade, não sei até que ponto sinto e até que ponto me invento. Sou pedaços colados de um caráter forjado. Olhos fundos que já viram muita coisa. Sobrevivi sem sofrer tanto quanto outros, mas ainda sinto meu corpo se contorcer no ritmo dos seus passos que um dia estiveram aqui e se distanciaram ao me ver sangrar tão profusamente graças aos meus ferimentos e fraturas expostas. Se te assustei, não fuja. Eu também me assusto as vezes, mas me impeço de abrir o zíper da minha máscara exterior e sair. Eu preciso de você na mesma medida que você não precisa de mim e te quero com a proporção que você não me quer. Não vá! Espere que eu me cure e, logo, serei eu outra vez, mas não a mesma de novo. Nunca a mesma duas vezes.

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