quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

E foram felizes para sempre.

Dirigir é questão de aprender a escutar os sons do carro. Aliás, a vida é uma imensa prova em branco e o som é a resposta. Já ouviu o barulho que um casal apaixonado faz? A música que toca quando o sol toca o mar - aquela chiado gostoso de fim de tarde - ou a gargalhada de uma criança caída no chão, contorcendo-se de... Cócegas? Pois é. Estou começando a escutar o silêncio que se trancou em mim. Conviver comigo mesma não é fácil, aprendo agora. Entender os meus desejos é tão conflitante quanto desejá-los. Quero, não quero, jogo para cima, ligo sem ter o que dizer, digo que ligo quando mal me importo, me importo de estar mal e fico bem por que não há outro jeito senão ficar. Bem. Totalmente entregue, à mercê dos sons, das músicas, das canções que invadem todos os cômodos da minha casa fria. As paredes ainda me lembram alguém, mas parei de tentar esquecer e começo a me acostumar com a lembrança. Passei a me tranquilizar com a falta por que sei que os planos continuarão sem fim e aquela caixa de memórias terá um rosto guardado para sempre. Este foi o meu para sempre: Ouvir os sons da vida, não a voz dele.

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