terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Abraço mudo

Os dias passaram e as coisas foram acontecendo em ordem decrescente. Bolas de neve entrando em nossa casa. Aqui dentro tem feito tanto frio, meu querido. E as coisas acumuladas que tiraram tantos pedaços de nós dois, as faltas e os nao-ser intermináveis que me prenderam o fôlego por mais segundos do que eu podia suportar. Mas suportei. Estou aqui ainda com todo o meu amor do início, com toda a paixão que já tive, só um pouco mais cansada, um pouco menos intensa. A anestesia que era sua passou às minhas mãos e estou usando dessa droga para esquecer também. Minha loucura cansou-se em tanta lucidez sem sentido. É só o silêncio nos abraçando e, mesmo desse jeito bizarro, depois de tanto tempo é a primeira vez em que te sinto junto de mim outra vez. Presos no nosso silêncio. Estou sem palavras agora. Estou sem som nenhum. É como se a música que eu escutava estivesse terminando lentamente e fosse ficando cada vez mais baixa... É torturante, mas, mesmo que eu tente, não consigo mais escutar nada.

"A saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência." - Martha Medeiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário