Sentada na janela e o sonho voando por baixo dos seus cabelos de ventania. Caracol e borboleta, era meio menina e meio cabelo. Toda brincadeira esperando que passasse alguém disposto a prender o sonho num pote, prender a vida num segundo e o sorriso num momento. Era menina, janela, cabelo. Era pote, segundo, momento. E num terceiro momento, não era nada. Só uma brisa que voava debaixo dos caracóis. Brisa com asas de borboleta. E os sonhos todos fechados e as vivências todas espremidas para sobrar espaço. Um canto só daquele lado por que mais coisas virão. Um canto só de passarinho por que quem voa mais alto é quem não sai do chão. A garotinha reticências, a janela escancarada e o sol virando chuva. A paisagem de toda uma vida muda, mas muda gritando, muda de planta. E cresce depois. Da lagarta à borboleta, da semente à macieira, do caracol ao cabelo. Totalmente enrolados, encaracolados e com ventania de sonhos por baixo.
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