É, não sei namorar assim à deriva, sem ver terra firme. Não
sou Dora, não sou aventureira. Eu quero coisa séria com seu filho, moça, minhas
intenções são as melhores possíveis. Quero queimar o arroz dele, fazer torta de
carneiro moído pra ele, acordar cinco da manhã todos os dias que ele tiver que
ir trabalhar no turno mais cedo do mundo só pra fazer um sanduíche, dar um beijinho,
olhar pra ele.
Eu não sei bancar a possivelmente um dia esposa dele. Eu sou
a esposa dele hoje, só que daqui a dois, três anos. Sou eu que estou aqui, não
é? Eu que prometi que nunca ia embora e prometi de coração mesmo, valendo.
Pensei que os olhos dele também fossem de promessas fáceis, mas a verdade é que
ele não sabe. Ele não sabe o que vai acontecer amanhã, quanto mais daqui a
dois, três anos.
O seu filho, dona, me disse que não tinha medo de se
apaixonar, mas eu acho que ele mentiu. Se você se segura nos postes pra impedir
a correnteza de te carregar, é mentira que se apaixonou. Paixão é deixar toda a
lama dos barrancos entrar na sua roupa, sentir a sujeira da chuva te encharcando
e te puxando e daí prender a respiração e se deixar levar. Bueiro abaixo ou em
direção ao mar.
Pena que nao tem a opção "curtir" aqui no blog hahaha Aaamo de paixão todos os seus textos. E esse, nossa, esse! Adoreeeei *-*
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