A tela em branco me denuncia. Expõe, sem palavras, o silêncio em que a minha vida se tornou quando decidi calar a minha voz para ouvir a sua melodia. Ela era alta, preenchia a sala, me aquecia em canção, mas acabou. O som suave se esvaiu de mim e cessou, sem notas. E eu nem sei se você notou. Pôs os fones de ouvido e esqueceu que os meus passos já estavam no seu ritmo.
A tela em branco me agonia. Grita em meu rosto que me perdi demais por dentro dos becos em que você se escondia. Não sei mais se sei voltar àquela rua que era minha, às tontas verdades que me sorriam. Agora é só uma carta vazia, uma meia verdade que é completa mentira.
Incorporei em mim os seus desejos anormais. E todos os defeitos que você deixou pra trás. Tenho sob a pele a lágrima que não chorei e ela escorre junto com os pedaços de mim que, de maneira indecente, abandonei. Por você.
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