Queria ter inspiração hoje para escrever algo bonito, mas,
ao invés disso, resolvi apenas escrever. Por que não sei mais o que fazer e,
entre chorar e orar pedindo uma coisa que nem sei o quê, escrever me pareceu
razoável. Afinal, nada me impede de escrever pra Deus. Como também nada me
impede de fazer das letras as minhas lágrimas e das verdades no papel o meu
soluço.
Vivo alardeando o meu cansaço, meu desespero ou a minha
esperança amalucada. Vivo sorrindo por dentro e por fora e depois me
arrependendo do que não sofri e sofrendo mais um pouco pelo que já vivi.
Trazendo meu passado à tona como se ele não pudesse descansar em paz por que
morreu de repente. Transformando meu passado em alma penada e o obrigando a me
assombrar de TPM em TPM.
Há um nome correndo por meus dedos. Escorre da caneta em
forma de menino. Seja de joelhos enquanto converso com o Altíssimo, seja
sentada enquanto falo de amor, seja deitada na grama sussurrando pras estrelas,
seja de pé na autoescola esperando a minha vez de conferir a digital no
corredor. O nome dele corre por meus dentes, passeia por minha língua, beija os
meus lábios e escapa. Escapa sem pressa e, às vezes, escondido. Se eu me
distraio um segundo, repito, repito “...”.
Aí é que entra a minha chance de inventar mil razões,
decifrar os motivos e tentar me convencer, com a ajuda de todas as amigas e
amigos, de que ele não volta. Não houve amor, nada mais dará certo, isso é tudo
ilusão. Não pode haver um “senão”, senão eu morro de esperança amalucada. Sufocada de paixão. Desesperada.
Contando os dias, contando as horas pra vê-lo novamente e
sem palavra nenhuma na mente que ensaie esse momento cômico. Por que a única
palavra que os meus lábios sabem dizer é o nome dele e conversa nenhuma se sustenta
num nome. A única imagem que minha cabeça sabe pensar é de um “ele” tão
distante que nem sei mais se há. Ah, que se dane! Ainda faço questão de tudo e
nem sei que tudo é esse que tanto me consome.
Deus me manda esperar, minha amiga me manda esperar, ele me
deixa esperando sem trazer nem uma revista que eu possa folhear. Estou num
consultório sinistro e os quadros da parede são quadros-fantasma. Com as
pinturas renascentistas do meu passado-alma-penada. Comigo ainda esperando, já
meio desesperada. Sufocada de paixão. Amalucada.
Nem sei mais o que preciso fazer, mas entre chorar e orar
pedindo uma coisa que nem sei o quê, hoje me pareceu razoável escrever.
Carla! Muito bom, gostei mesmo. Você é sempre sincera, mas esse texto foi de uma sinceridade tocante. Escrever é mais do que razoável, as vezes necessário pra que eu não enlouqueça, mas nem sempre as pessoas entendem isso.
ResponderExcluirAh, se quiser decidir escrever mais vezes, vou gostar de ler. =D
Beijos,