segunda-feira, 18 de junho de 2012

Não importa

"Mas quando desvio meu olho do teu, dentro de mim guardo sempre teu rosto e sei que por escolha ou fatalidade, não importa, estamos tão enredados que seria impossível recuar para não ir até o fim" - Caio Fernando Abreu

terça-feira, 12 de junho de 2012

Consultório Sinistro


Queria ter inspiração hoje para escrever algo bonito, mas, ao invés disso, resolvi apenas escrever. Por que não sei mais o que fazer e, entre chorar e orar pedindo uma coisa que nem sei o quê, escrever me pareceu razoável. Afinal, nada me impede de escrever pra Deus. Como também nada me impede de fazer das letras as minhas lágrimas e das verdades no papel o meu soluço.

Vivo alardeando o meu cansaço, meu desespero ou a minha esperança amalucada. Vivo sorrindo por dentro e por fora e depois me arrependendo do que não sofri e sofrendo mais um pouco pelo que já vivi. Trazendo meu passado à tona como se ele não pudesse descansar em paz por que morreu de repente. Transformando meu passado em alma penada e o obrigando a me assombrar de TPM em TPM.

Há um nome correndo por meus dedos. Escorre da caneta em forma de menino. Seja de joelhos enquanto converso com o Altíssimo, seja sentada enquanto falo de amor, seja deitada na grama sussurrando pras estrelas, seja de pé na autoescola esperando a minha vez de conferir a digital no corredor. O nome dele corre por meus dentes, passeia por minha língua, beija os meus lábios e escapa. Escapa sem pressa e, às vezes, escondido. Se eu me distraio um segundo, repito, repito “...”.

Aí é que entra a minha chance de inventar mil razões, decifrar os motivos e tentar me convencer, com a ajuda de todas as amigas e amigos, de que ele não volta. Não houve amor, nada mais dará certo, isso é tudo ilusão. Não pode haver um “senão”, senão eu morro de esperança amalucada.  Sufocada de paixão. Desesperada.

Contando os dias, contando as horas pra vê-lo novamente e sem palavra nenhuma na mente que ensaie esse momento cômico. Por que a única palavra que os meus lábios sabem dizer é o nome dele e conversa nenhuma se sustenta num nome. A única imagem que minha cabeça sabe pensar é de um “ele” tão distante que nem sei mais se há. Ah, que se dane! Ainda faço questão de tudo e nem sei que tudo é esse que tanto me consome.

Deus me manda esperar, minha amiga me manda esperar, ele me deixa esperando sem trazer nem uma revista que eu possa folhear. Estou num consultório sinistro e os quadros da parede são quadros-fantasma. Com as pinturas renascentistas do meu passado-alma-penada. Comigo ainda esperando, já meio desesperada. Sufocada de paixão. Amalucada.

Nem sei mais o que preciso fazer, mas entre chorar e orar pedindo uma coisa que nem sei o quê, hoje me pareceu razoável escrever.