quinta-feira, 30 de junho de 2011

O dragão Saudade

Era um garoto de poucos amigos.
De poucas conversas.
De poucos sentidos.
E mesmo sem fazer sentido nenhum ela pensou que podia ser.
Mas não podia.
Por que o amor do garoto tinha prazo de validade e só ela não sabia.
Por que o sorriso do garoto era de todos justamente por não ser de ninguém.
E ela ficou sem sorriso e com tudo passado do prazo também.
Ele, garoto de poucos amigos.
Ela, garota que adorava correr riscos.
A vida continuou igualzinha para ele depois dela.
A vida dela parou por meses depois dele.
A menina decidiu enfrentar seus leões e lutou bravamente contra um dragão enorme.
Saudade lançando fogo.
Saudade olhando para ela com olhos de demônios.
E ela lutando bravamente, incessantemente... Eternamente.
O garoto agora sorrindo para todos e esquecendo que deixou para trás uma amiga.
Amiga?
Sinto muito, mas isso não faz sentido.
Ele é só um garoto de poucos amigos.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sabor de outono

Ando querendo tantas coisas e me afastando de tantas outras. Eu deveria estar me jogando mais fundo no que realmente sou, mas me sinto incoerente. Vou mudando em cada esquina e tendo que me reinventar a cada passo dado. Não é como se eu aprendesse nada com os fantasmas do passado, não é como se os mestres fantasiados de dor ainda me ensinassem alguma coisa. Vivo sendo e (re)-sendo todos os dias nos mesmos erros e nas mesmas alegrias, esperando na janela de mim e a coisa que eu espero não vem. Há um gosto na língua que me lembra outros outonos, mas o sabor é mais distante, quase pede outra dose. A vida inteira me pede outra dose. Mais uma aplicação de euforia, adrenalina, expectativa e futuro. Tudo misturado de um jeito totalmente não-seguro por que preciso de destino. O presente está sendo vivido como se não fosse nada, como se não alterasse nada. O presente é só um meio para chegar ao fim, mas quando o fim chegar e então? O que acontece depois que já se é feliz para sempre?


"Acredito que as pessoas só mudam por vontade própria e nunca pelo pedido de outra pessoa. Acredito que tudo que eu acredito hoje vai mudar com o tempo. E que, no futuro, talvez, eu acredite em menos coisas. Ou em nada mais." - Brena Braz