quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ensaio de um primeiro texto

Pare. Eu quero que pare. Que o vento pare, que as borboletas brinquem de estátua em meu estômago, que até a respiração seja suspensa e só a música deve continuar. Por que a música nunca pára. Mas, de você, eu me recuso a receber esse beijo. Paro seus lábios e as minhas expectativas no meio do caminho: não vou resumir tudo o que somos num beijo de despedida. Aliás, nunca mais eu quero beijos de despedida, nunca mais na vida! Então fique longe, dê dois passos curtos para trás e me deixe olhar para você. Só mais uma vez. Só mais um milhão de vezes enquanto imagino o beijo que parou junto a centenas de borboletas. Não vou diminuir o seu sorriso, seu olhar de bobo, sua mão meio fria segurando a minha, sua timidez escancarada, seu roçar de dedos no meu queixo, seus - Deus me proteja! - adoráveis sumiços. Não vou diminuir você a um beijo. Somos tantos sonhos esperando a sua noite, somos tantas inseguranças impedindo os nossos pés de pular de uma vez que seria injusto transformar tudo isso em saudade e lembrança do beijo. Quero saudade do seu segundo perfume, saudade das suas chaves na minha bolsa, saudade de quem você é e não do seu gosto. Você não é sorvete, você é gente. A gente é um quase-beijo. E mais. A gente também é música, por que a música nunca pára, a música nunca acaba.

"Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música." - Aldous Huxley

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Nada ou quase nada

Você ainda do outro lado lendo meus rabiscos. Eu ainda do lado de cá rabiscando essas palavras meio soltas que dizem tudo e não revelam quase nada. Poderia listar, frase após frase, meus motivos para continuar voltando a esse templo que grita os sacrifícios do meu amor-próprio para alimentar o deus você. Do outro lado, sorrindo ou não, feliz ou não, lendo meus rabiscos. E a raiva misturada em sangue escorrendo altar abaixo, procurando tudo o que se perdeu quando foi visto pela última vez o seu sorriso meu. Agora é nada ou quase nada. Me recuso a acreditar que toda a verdade sempre foi meio mentira por que nossas mentiras nunca chegaram a ser meio verdades. E o meu amigo escondido em algum lugar dentro de você, e o meu menino cheio de defeitos que enchiam meu peito de amor e sei lá mais o que, ele também se foi. Foi e fica por que parte de mim se recusa a deixá-lo ir. Parte de mim sente sua falta enquanto você, ainda do outro lado, lê os meus textos ou eles se perdem, sem sentido, quando não encontram o deus do sacrifício. E eu ainda do lado de cá, sozinha, escrevendo meus rabiscos...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ventania de sonhos

Sentada na janela e o sonho voando por baixo dos seus cabelos de ventania. Caracol e borboleta, era meio menina e meio cabelo. Toda brincadeira esperando que passasse alguém disposto a prender o sonho num pote, prender a vida num segundo e o sorriso num momento. Era menina, janela, cabelo. Era pote, segundo, momento. E num terceiro momento, não era nada. Só uma brisa que voava debaixo dos caracóis. Brisa com asas de borboleta. E os sonhos todos fechados e as vivências todas espremidas para sobrar espaço. Um canto só daquele lado por que mais coisas virão. Um canto só de passarinho por que quem voa mais alto é quem não sai do chão. A garotinha reticências, a janela escancarada e o sol virando chuva. A paisagem de toda uma vida muda, mas muda gritando, muda de planta. E cresce depois. Da lagarta à borboleta, da semente à macieira, do caracol ao cabelo. Totalmente enrolados, encaracolados e com ventania de sonhos por baixo.

domingo, 31 de julho de 2011

Sou concha

Soltei o barco. Vá embora que eu fico boiando sozinha. Pode ir que ainda tem bastante mar para mim e para você, mas sua costa é do outro lado. Meu continente é meu chão e sua terra é outra. Minha piada é meu barulho por dentro, sou concha. O barulho do mar é minha mão no ouvido, mas eu soltei o barco. Adiante o seu lado e siga para o seu porto que o meu pedaço de certeza é o seu punhado de interrogação. Me exclame! Só me cante por aí a fora por que já desisti de pedir que me ame. Implorar amor é triste, eu sempre soube. Daí agora cansei. Estranho isso, né? Você vai vivendo e uma hora, do nada, quando a vida parece sorrir com os dentes bem abertos... Você cansa. E tudo deixa de fazer sentido. Amizade de amor não correspondido deixa de fazer sentido. Soltei o barco, soltei as perguntas, soltei a esperança. Ela não morreu ainda, mas, solta no meio do mar com pouca água e pouca comida, pouco tempo lhe resta. Adeus, meu não-tão-meu amor.

sábado, 23 de julho de 2011

Sakura

A menina dos olhos de anime. Tão parecida comigo antes e agora quem é você? Você e seus olhos brilhantes, de fogo, de aço. Olhos impenetráveis, sinceros e sem máscaras. Eles são sua janela da alma escancarada e que alma é essa? Menina dos olhos de anime, foi você quem mudou ou fui eu? Eram as nossas festas, são as nossas histórias e o que será do nosso futuro? Seus olhos entendem, meus olhos não mentem. Lá se vai a garota dos olhos de anime se perdendo numa floresta em que eu nunca vou entrar. Posso gritar de fora, posso tentar fazer barulho suficiente para que o lobo fique longe, mas dentro da floresta escura eu não posso entrar. Não é meu lugar, nunca foi. É o seu lugar, olhos brilhantes? Tem certeza que não está trocando o bosque e a clareira por essa mata sombria apenas por medo de encarar o que há por trás de tantos olhos, tantos segredos e seus próprios medos fazendo as sombras?
A menina dos olhos de anime. Tão diferente de mim agora e antes quem era você? Você e seus olhos meio tristes, de gelo, de gelatina. Olhos convidativos, dissimulados e protegidos. Eles são sua janela da alma esperando um sinal de alerta, mas que alma é essa? Menina dos olhos de anime, qual a nossa verdade agora? Te espero do lado de fora e grito para os lobos irem embora. Não corra para eles, eu prometo que espero a sua volta.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A vida comentada

De acordo com o meu antigo professor de física, o mundo se baseia em ações e reações. Eu diria atos e pensamentos desencadeados por atos - isso aqui no meu mundo de poucas reações. Então, vamos lá. O fato: Um casal que eu conhecia, admirava e achava que "daria super certo" terminou há algum tempo e eu descobri isso da pior maneira possível. Por que a Lei de Murphy, claro, reina em minha vida, esbarrei com o rapaz no shopping, perguntei pela moça e a resposta desconfortável depois de umas três levantadas seguidas de ombro e uma arrumada no cabelo foi: Deve estar vivendo a vida dela. Sei lá.
É, meus queridos, quando alguém diz que outro alguém deve estar vivendo a própria vida eu quase posso ouvir a mágoa gritando em cada sílaba. Triste, mas não desesperador. O que realmente me desencadeou pensamentos foi, alguns meses depois, ver o tal rapaz beijando alegremente uma segunda mocinha em fotos abandonadas por essas redes sociais. Pense um romance! Então.
Fiquei olhando as três únicas fotos e me perguntando se a antiga namorada fazia idéia daquela felicidade toda e, confesso, passei a especular como ela deveria estar se sentindo. Mal, eu pensei. Aliás, se fosse eu - por que todo mundo sempre leva para o lado pessoal, - estaria me rasgando de ódio da desaforada que está beijando O MEU EX - por que seu ex nunca deixa de ser seu - e teria começado a pesquisar tudo sobre a vida da infeliz que não tem medo da morte ou de vodu.
Foi nesse pensamento que me muni de coragem vinda do mais íntimo da fraternidade das ex e resolvi que ia começar a pesquisar a vida da malfeitora. Antes, claro, dar uma passada na página da rede social da minha amiga que tinha sido brutalmente trocada para ver algo triste que ela postou declarando-se perdida, esquecida e abandonada. Pobrezinha!
Clique vai, clique vem, entro no álbum de fotos da cumadi e o que meus olhos viram? A moça já está namorando outro também, gente! E há mais tempo que o rapaz do shopping, coitado, tão triste e tão suspendendo o ombro três vezes e ele ainda mexeu no cabelo, o bichinho. Ainda não me decidi de que lado estou, mas definitivamente não estou do lado dos relacionamentos de hoje em dia.
O que é isso, meu povo? Hoje todo mundo sai dizendo que ama, ligando o tempo todo, gastando aquela promoção maravilhosa da TIM e lá se vão muitos cinquenta centavos e amanhã o que sobra?
Acho que o mundo inteiro está vivendo a paixão com pressa. Pressa pelo próximo e sai da frente por que preciso mostrar para aquele idiota o quanto sou madura e como tem muito mais gente interessada em mim. Veja o que perdeu e se lembre amargamente do lugares mais sórdidos em que o outro está colocando as mãos. Seu boboca!
Ah, pessoal, vamos parar por aqui, né? Eu me recuso a acreditar que dar a volta por cima signifique sair beijando todos, curtindo muitas festas e contraindo doenças venéreas. E, mesmo assim, meio trôpega que ainda estou com os meus próprios fins, já decidi - pelo menos - o que não quero.
Não quero brincar de "me ame por enquanto", não quero brincar de "mate minha carência que eu mato a sua" e não vou, repito, eu não vou fingir que estou me apaixonando pelo primeiro idiota que me ignorar no MSN. Tenho muito mais valor do que isso e, já que todos sabem que orgulho não é mesmo o meu forte, vergonha nenhuma de admitir que as minhas paixões são contadas nos dez dedos das mãos e incluem comer e dormir.
Não preciso de uma verdade inventada, como proclamou dona Lispector, mas também não pretendo viver apenas do que é passível de fazer sentido. Faz sentido para você amar e guardar todo esse amor dentro de si por que já aprendeu a duras penas que falar demais cansa a garganta? Pois bem. Agora vou amar sem gritar nada. Peço perdão ao ex-casal e aos novos amantes, mas meu amor não se desfaz em meses. E que Deus me ajude.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O dragão Saudade

Era um garoto de poucos amigos.
De poucas conversas.
De poucos sentidos.
E mesmo sem fazer sentido nenhum ela pensou que podia ser.
Mas não podia.
Por que o amor do garoto tinha prazo de validade e só ela não sabia.
Por que o sorriso do garoto era de todos justamente por não ser de ninguém.
E ela ficou sem sorriso e com tudo passado do prazo também.
Ele, garoto de poucos amigos.
Ela, garota que adorava correr riscos.
A vida continuou igualzinha para ele depois dela.
A vida dela parou por meses depois dele.
A menina decidiu enfrentar seus leões e lutou bravamente contra um dragão enorme.
Saudade lançando fogo.
Saudade olhando para ela com olhos de demônios.
E ela lutando bravamente, incessantemente... Eternamente.
O garoto agora sorrindo para todos e esquecendo que deixou para trás uma amiga.
Amiga?
Sinto muito, mas isso não faz sentido.
Ele é só um garoto de poucos amigos.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sabor de outono

Ando querendo tantas coisas e me afastando de tantas outras. Eu deveria estar me jogando mais fundo no que realmente sou, mas me sinto incoerente. Vou mudando em cada esquina e tendo que me reinventar a cada passo dado. Não é como se eu aprendesse nada com os fantasmas do passado, não é como se os mestres fantasiados de dor ainda me ensinassem alguma coisa. Vivo sendo e (re)-sendo todos os dias nos mesmos erros e nas mesmas alegrias, esperando na janela de mim e a coisa que eu espero não vem. Há um gosto na língua que me lembra outros outonos, mas o sabor é mais distante, quase pede outra dose. A vida inteira me pede outra dose. Mais uma aplicação de euforia, adrenalina, expectativa e futuro. Tudo misturado de um jeito totalmente não-seguro por que preciso de destino. O presente está sendo vivido como se não fosse nada, como se não alterasse nada. O presente é só um meio para chegar ao fim, mas quando o fim chegar e então? O que acontece depois que já se é feliz para sempre?


"Acredito que as pessoas só mudam por vontade própria e nunca pelo pedido de outra pessoa. Acredito que tudo que eu acredito hoje vai mudar com o tempo. E que, no futuro, talvez, eu acredite em menos coisas. Ou em nada mais." - Brena Braz

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sobre a não necessidade de regras gramaticais

Tomando meu café, conversando com um amigo outro dia, a notícia incoerente do jornal se comunica comigo. Quase se comunica. Não entendo como há pessoas que podem acreditar com toda a fé dos seus corações que entregar nas mãos de jovens brasileiros o "não há regras" melhorará para eles a compreensão do mundo. Há então, entre nós, uma nova maneira de segregação? Bem, por que não? Vamos separar entre alunos de escola pública e de escola privada aqueles que compreenderão que a norma culta por diversas vezes deve ser prezada.
Claro que a oralidade se basta na compreensão do texto, mas o que será dos nossos jovens se não entenderem que quase tudo crucialmente importante em suas vidas, desde escrever uma redação para o vestibular até conseguir um bom emprego, vai depender da maneira como empregam o português normativo?
Passar adiante expressões oralizadas e cheias de cultura, tudo bem, mas desfazer-se de toda ordem no que tange à língua? Isso sim é a baderna da imoralidade linguística cuspindo em nossas caras. Poxa, Brasil, será tão difícil assim admitir que precisamos construir alguma coisa além de só desconstruir? É possível que seja correto dispensar a gramática em função do tudo pode, do tudo dá?
Que o nosso país consiga expandir-se em colocar os conceitos onde eles devem estar. Falar errado não é bonito - por mais cultural que seja. Escrever errado não é bonito - por mais que os livros afirmem o contrário. Vamos levantar uma nação de jovens que entendam para além do que os livros dizem ou o nosso futuro se resumirá a barbarismos. Ou lutamos agora, ou sofreremos depois. Aliás, como diz o novo livro: Ou nós luta agora, ou nós sofre depois.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

E se...

E se ainda há solução, meus olhos sangram perdão. Por todos os poros respiro mais que amor, respiro esse querer desenfrado que é meio sangue, meio paixão. Sou toda sua, de mais ninguém, mas não sou nem minha e não se pode dar o que não se tem. E se ainda há mistério, meus olhos choram a dúvida. Por mais que se mude por fora, o que eu trago em memória é o que nunca muda.S ou uma sentença acercada de tantas outras paráfrases que só falar o que vem de dentro parece tão pouco. Não estou aqui pedindo nada, estou meio benção, meio amaldiçoada, sendo o que sempre fui. Sendo eu e só.

"O passado não só não foi esquecido como, incomodamente, ainda não passou."

terça-feira, 3 de maio de 2011

Hoje eu 'to fechando!



É, pessoa. Fechei meu blog. Claro que eu nunca ia deletar o Incomin, ele é meu xodó para a posteridade, mas depois de um comentário de Léo, outro de Ju... Enfim, agora vamos ficar aqui em família, não é? E o carla-sozinha (em latim, sou FYNA) vai se resumir a eu mesma e vocês todos. Seus lindos! Os textos continuarão emos e talz, não se preocupem. Depois eu volto para colocar algo que preste aqui. Beijo, galere!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Gatos e borboletas

Eu comecei a conversar com ele pensando que seria mais um daqueles dias em que a conversa termina num assunto tenso demais. É incrível como todas as vezes em que temos muito tempo para colocar o assunto em dia, o assunto volta para aqueles dias. Mas hoje foi diferente. Não que eu tenha feito algo diferente e acho que nem ele. Acontece que, por dentro de mim, coisa alguma se remexia com borboletas sombrias. Não aquelas fofas que deixam o estômago gelado, mas o tipo de borboleta que faz você perder a cabeça e pensar em milhares de alternativas bizarras para uma coisa simples: Ele faz questão de deixar claro o quanto não te quer.
Por hoje, com todo o respeito, eu não acredito. Não querer é algo que define muito o que temos aqui. E o que temos é indefinível. Eu diria que há um fio que prende duas pessoas tão diferentes, mas tão iguais que não sabem o que fazer uma com a outra.
Não é só o tom da conversa que está diferente. Mais apelativo para o lado dele, mais brincalhão para o meu. É a aura que se move em torno do meu rosto quando sorrio para algo que ele disse, quando o meu riso é de verdade mesmo que as palavras ditas fossem ter me magoado em outra ocasião. As pedras em minha janela já não fazem o mesmo barulho. Por mais forte que ele jogue, eu durmo como um bebê. Não sei explicar a razão exata de não estar convivendo com as borboletas sombrias, mas fico por horas olhando para os lados e me perguntando: Cadê aquela dor que estava aqui? O gato comeu?

"Atirei outra pedra na sua janela
Uma que não fez o menor ruído
Não quebrou, não rachou, não deu em nada
E eu pensei: talvez você tenha me esquecido"
Ana Carolina

terça-feira, 12 de abril de 2011

Quando os muros caíram

Estou me decidindo por ser mais arteira. Menos fronteira, mais pontes. Sacudindo um pouco o pó do meu tapete e sujando tudo outra vez por que a vida é isso. Limpar e sujar com uma poeira nova. Quero as terras de outros lugares e as lembranças de outros sorrisos. A novidade de cada pôr-do-sol visto por muitos e o nascer do astro rei que é segredo enquanto todos dormem. Me prometo nascer em segredo e morrer num espetáculo diário com minha roupa de rainha dourada. Imitarei o sol, beijarei a lua e serei dona dos quadros que pinto. Dona de olhos fechados e coração aberto. Só um pouco mais de alma gritando tintas berrantes e, às vezes, calmas. Vou arrumar outros caminhos e desativar meus alarmes. Me desfazendo da segurança e cortando o último fio que me prende a qualquer coisa que leve embora o meu sorriso. É, estou finalmente sendo mais arteira. Mais pontes, menos fronteira.

"Mesmo que isso tenha me assustado muito aqui e ali. No somatório de tudo, foi graça, alívio e abertura." - Ana Jácomo
 

sexta-feira, 8 de abril de 2011

"Pela estrada afora, eu vou bem sozinha..."

Eu mudando de assunto por que ela pediu. Ainda não sei falar de mim por que, do meu jeito, continuo  escrevendo para me esconder, não é? Quem acha que  minhas palavras são completos de exposição se engana. Palavras são muros, paredes de concreto e não há pior caminho para dar de cara com algo que me desvende. Veja bem, sente-se aqui, escute pela milésima vez a história que me obrigo a repetir. Sou uma fumaça sem fogo, sou uma intenção sem resposta. Ando meio sem sentido rua afora por que não há solução quando o problema inexiste. Lembro dos meus fantasmas, mas parei de criá-los e fui ali ser livre. Não me espere para tão cedo, eu não volto, acredite.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

No circo

Eu era do tipo que acreditava piamente em relacionamentos equilibrados. Todos amam o mesmo tanto e que não se discuta. Aham. Agora escuta: Isso é bobeira. Sempre tem alguém que, depois de alguns meses se equilibrando na corda do amor igualitário, escorrega e cai. Quando essa pessoa se espatifa na rede de proteção, deixa lá em cima alguém ainda meio sem fôlego tentando se ajeitar. O fio se balança para todos os lados e não adianta. De braços abertos, de braços fechados, de todo o jeito que seja: Já há alguém que não está mais equilibrado. O amor não é mais igualitário. O meu desejo é o seguinte: Que da próxima vez seja eu que caia, eu que seja pega pela rede protetora e o próximo amante fique na corda balançando-se até quando - ou se - eu resolver voltar a tentar.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Citação

"Sim, amei sem limites. Dei meu coração de bandeja. Sim, sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora, eu digo: agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas, Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!" - Fernanda Mello

sábado, 19 de março de 2011

Contramão

Ontem eu estava conversando com uma amiga, lembrando um momento tão antigo quanto as páginas riscadas do meu diário empoeirado e me peguei contando a história de outra pessoa. Era eu ali, o momento foi vivido por mim, mas as sensações não ficaram guardadas. Como se fosse outra vida, como se fosse outro alguém. E acho que era. Eu mudei tanto, ele mudou tanto quando as coisas se desfizeram através dos dias. O calendário meio louco soltando as folhas e eu meio desesperada tentando juntá-las. Mas não se pode deter o outono catando as folhas caídas no chão, diria Aytano Roriz. Não se pode mudar o caminho quando os seus próprios sentidos estão em contra-mão. E caminhei sem destino para o lado contrário. Nadei correnteza acima com esperança e braços cansados. Hoje tenho apenas o cansaço, a esperança ficou no diário empoeirado, marcada à ferro no sorriso de outra pessoa. Não eu, a garota da história.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Altar de um erro


Sei lá, eu estou com tanto medo de não ser realmente ele. A certeza de que ainda iríamos nos encontrar no futuro está indo embora na mesma medida em que a realidade me assedia. Lembro do olhar de desprezo, lembro da indiferença completa com relação aos meus sentires e a minha própria sensação de estar completamente nua de alma na frente de alguém que cuspia nojo à minha nudez. Me expus por ele e, também em função dele, despi a minha verdade em fragmentos demais. Hoje a realidade pinga em minha testa com gotas de tortura. Não havia amor por trás daquele olhar, não há maneira de ter esperanças quando o amor inexiste, mas não venha me dizer que fui eu que não amei nunca. Eu sei o que era aquilo. Aquilo era tudo o que eu tinha de melhor deixado aos pés de alguém. E aqui encontro o meu erro: Deixar amor aos pés de outra pessoa é sempre a pior escolha. Entregue-o nas mãos ou recolha-o e vá embora, mas nunca deposite tudo de si no altar de um erro. Tropeço então em minhas piores memórias e, de joelhos esfolados, levanto e sorrio. Recolhi o meu amor, mas não tente me dizer que ele nunca existiu. Posso não saber o que vem depois, mas, com certeza, lembro do que já fui.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A saudade bateu, foi...

Acabou, já tenho certeza. Respiro fundo e lá vem ele outra vez. Acabou nada, percebo. Começo, por dentro de mim, a entender o que Vercilo quis dizer em seus versos confusos: Que nem maré. 'Tá vazio, meu querido. Me esvaziei todinha e agora tenho só um pouco das lembranças aqui comigo. 'Tá cheio, meu amor. E não consigo controlar a vontade inevitável de ligar, mandar mensagem - que a operadora não libere aqueles créditos extras esse mês, meu Deus. - e correr para perto. Vazio, cheio e a maré mudando sem fim. O problema é que a intensidade é louca e o sentimento parece proparóxitona: acentuado, sempre acentuado.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

E foram felizes para sempre.

Dirigir é questão de aprender a escutar os sons do carro. Aliás, a vida é uma imensa prova em branco e o som é a resposta. Já ouviu o barulho que um casal apaixonado faz? A música que toca quando o sol toca o mar - aquela chiado gostoso de fim de tarde - ou a gargalhada de uma criança caída no chão, contorcendo-se de... Cócegas? Pois é. Estou começando a escutar o silêncio que se trancou em mim. Conviver comigo mesma não é fácil, aprendo agora. Entender os meus desejos é tão conflitante quanto desejá-los. Quero, não quero, jogo para cima, ligo sem ter o que dizer, digo que ligo quando mal me importo, me importo de estar mal e fico bem por que não há outro jeito senão ficar. Bem. Totalmente entregue, à mercê dos sons, das músicas, das canções que invadem todos os cômodos da minha casa fria. As paredes ainda me lembram alguém, mas parei de tentar esquecer e começo a me acostumar com a lembrança. Passei a me tranquilizar com a falta por que sei que os planos continuarão sem fim e aquela caixa de memórias terá um rosto guardado para sempre. Este foi o meu para sempre: Ouvir os sons da vida, não a voz dele.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Teste que nunca falha

"Aqui
Agora que você parece não ligar
Que já não pensa e já não quer pensar
Dizendo que não sente nada
Estou lembrando menos de você
Falta pouco pra me convencer
Que sou a pess
oa errada"

Ana Carolina

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O leitor invisível

Essa hora da noite e meu celular abandonado, sem sentido lá no quarto. Essa lua no céu e ninguém que queira me ouvir falar do quanto ela me lembra aquele dia na pracinha, você dizendo que poderia passar a vida inteira me olhando debaixo da lua. Estou escrevendo para você outra vez, nesse canto abandonado que você nunca visita, nunca mais. Nunca mais para tantas coisas e hoje até chorei. Por que o nosso nunca mais é retrocesso também. Foi nunca mais para trás, nunca mais que não traz nada além de um vazio enorme. Vazio sem solução por que nem olhando nos seus olhos o fogo volta, a paixão ressurge. Nada além do abismo em que você me atirou, se retirou e me deixou aqui sozinha. Talvez ninguém tenha te dito, mas eu ainda me lembro:
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Eu, entende? Você é responsável por mim eternamente. E eu estou me esquecendo de nós dois, esquecendo as nossas razões, estou esquecendo você. Triste como o dia termina, a lua está lá fora e eu aqui, só com o mesmo blog continuando a conversar com o único "você" que ainda me escuta.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

"Respirar amor, aspirando liberdade."

Eu quero me deixar viver. Mais de mim para mim mesma e quando eu estiver cansada, outro gole de Carla que me absorva em todas as novidades que a vida me traz. Pensei que ia ficar mal sem ele, mas estou é reavendo os meus pedaços. Pensei que tinha me perdido para sempre, mas acabei de me encontrar na esquina lá de casa. Não há muito o que dizer, a música dele acabou para mim e agora a minha voltou a tocar bem alto. Nada de alguém que tire a minha melodia, quero duas vozes cantando juntas agora. Quero alguém para mais. Aliás, quero eu. Só eu por enquanto.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Quando fui chuva

"Nada do que fui me veste agora. Sou toda gota, que escorre livre pelo rosto e só sossega quando encontra a tua boca." - Maria Gadú

Não gosto muito dela, mas o trecho é lindo e só verdade.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Contos de uma amiga

Querida amiga,

Está doendo tanto ser rejeitada desse jeito... Além de toda a indiferença, isso dói tanto. Não sei nem dizer o quanto, sério. Não é nem o fato de que ele vai ser de outra pessoa, de que não vamos ter os filhos que eu sonhei, de que não vai ser ele me esperando lá na frente da igreja quando eu entrar com meu All Star. Veja bem, não estou nem me arrependendo pelos amigos que deixei pelo caminho, pelas festas que não fui, pelo show que furei, pelas vezes que já chorei por causa dele. Eu só lamento ter amado com tanta força e isso tudo ter morrido antes de chegar nele e voltar para mim. Lamento ter desperdiçado tanto tempo cultivando amor enquanto ele cultivava a indiferença que o esfria. Nunca pensei que fosse conhecer esse lado dele, mas já conheço há bastante tempo, não é? Eu sei que sim... E estou me sentindo tão pequenininha agora, tão pequena sem meus sonhos com ele, sem minhas certezas. Até a esperança me abandonando devagar e, quando ela morre, amiga, nada mais existe. O mais triste de tudo não é a morte de nós dois. É a morte do amor que eu construí e cuidei... Sozinha.
Enfim, que venham as outras músicas ou que o volume dessa aumente.
 
 
Após colocar o dedo na garganta, sua melhor amiga.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Abraço mudo

Os dias passaram e as coisas foram acontecendo em ordem decrescente. Bolas de neve entrando em nossa casa. Aqui dentro tem feito tanto frio, meu querido. E as coisas acumuladas que tiraram tantos pedaços de nós dois, as faltas e os nao-ser intermináveis que me prenderam o fôlego por mais segundos do que eu podia suportar. Mas suportei. Estou aqui ainda com todo o meu amor do início, com toda a paixão que já tive, só um pouco mais cansada, um pouco menos intensa. A anestesia que era sua passou às minhas mãos e estou usando dessa droga para esquecer também. Minha loucura cansou-se em tanta lucidez sem sentido. É só o silêncio nos abraçando e, mesmo desse jeito bizarro, depois de tanto tempo é a primeira vez em que te sinto junto de mim outra vez. Presos no nosso silêncio. Estou sem palavras agora. Estou sem som nenhum. É como se a música que eu escutava estivesse terminando lentamente e fosse ficando cada vez mais baixa... É torturante, mas, mesmo que eu tente, não consigo mais escutar nada.

"A saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência." - Martha Medeiros

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Adivinha?

Novidades, novidades, novidades. Esse ano muda tudo e eu estou que não me aguento com a impolgação. Cuidar de crianças, arrumar as coisas do intercâmbio, faculdade começando e eu passei em décimo lugar, acredita? Minha prova foi horrível e a redação foi quase a pior da minha vida, mas se fossem apenas dez vagas eu teria conseguido. Estranho. Mas estou feliz, claro. Muita coisa legal acontecendo, aproximação com Deus, meu namoro fluindo, minhas amizades - as importantes - crescendo e tudo o mais se encaixando perfeitamente. Ah, acho que estou feliz hoje. A sensação é quase estranha. É, para ser sincera eu estou bem de verdade. Obrigada por perguntar.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Covardia da louca

Silêncio. A felicidade da minha vida - aquela que não estou vivendo. - é a música que toca do lado de fora. Observo com as janelas da minha alma e sorrio por dentro. Não tenho tido muita coragem ultimamente. Não como você pensa que eu tenho. Acha que ser corajosa é me jogar de cabeça nessa loucura, sentir o impacto se aproximar e não se segurar em lugar nenhum por que cair é uma delícia? Não sei. A sensação de espatifar é ruim e eu venho me espatifando quase todos os dias há quase todos os meses depois de tudo. Me sinto, em resumo, humilhada, esquecida, desesperada, um pouco deprimida e principalmente cansada. Só não tenho forças para parar o trem que se aproxima, o trilho que me anima de vez em quando e me espreme em tantos outros. Não tenho disposição nenhuma para lutar contra todo o sofrimento que se acumula por que tenho medo de sofrer a mega sena acumulada da dor que virá depois. Seguirei sofrendo aos pouquinhos. Dia após dia, mês após mês, até que o prêmio seja meu. Aí, quem sabe, não terei mais razão nenhuma para chorar por você já que sei que você nunca choraria por mim. Não mais.

"Melhor sofrer por um erro dele que por um acerto meu." - Patrícia Massa.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Não faz sentido, mas explica tudo

E onde a minha cabeça deita hoje quando o meu travesseiro só quer sonhar você? Sua voz dizendo que não é bem assim entra por um ouvido e sai pelo outro, chacoalha em minha cabeça e ecoa lá no fundo dessa alma já inquieta. Que os outros escutem suas respostas e interpretem, mastiguem, arranquem de cada afirmação sua uma verdade oculta. Eu já cansei de fazê-lo. Agora quero só entender o que você estiver disposto a explicar, quero só ver o que você estiver com vontade de mostrar e só vou amar... Repito o mais alto que alguém puder escutar: Só vou amar o tanto exato que você desejar me amar. Os excedentes eu corto fora e deixo para aqueles com grandes dons expeculativos a perspicácia de adivinhar. Por hoje eu fico com a paz que sua falta de paixão me dá. Isso explica tudo apesar de fazer com que nada mais tenha sentido. Estranho, eu sei. Mas agora entendi o porquê de tanta indiferença e fiquei confusa quanto ao fato de ainda me querer por perto. Eu, em seu lugar, teria saído por aí louca, desesperada já, tentando encontrar em outra pessoa aquilo que não posso mais te oferecer. Se não sente nada, pode desligar a anestesia, eu parei de tentar entender - e já faz quatro dias.

"Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não sabe se vai ser antes ou depois de se chocar com o solo." - Martha Medeiros