De acordo com o meu antigo professor de física, o mundo se baseia em ações e reações. Eu diria atos e pensamentos desencadeados por atos - isso aqui no meu mundo de poucas reações. Então, vamos lá. O fato: Um casal que eu conhecia, admirava e achava que "daria super certo" terminou há algum tempo e eu descobri isso da pior maneira possível. Por que a Lei de Murphy, claro, reina em minha vida, esbarrei com o rapaz no shopping, perguntei pela moça e a resposta desconfortável depois de umas três levantadas seguidas de ombro e uma arrumada no cabelo foi: Deve estar vivendo a vida dela. Sei lá.
É, meus queridos, quando alguém diz que outro alguém deve estar vivendo a própria vida eu quase posso ouvir a mágoa gritando em cada sílaba. Triste, mas não desesperador. O que realmente me desencadeou pensamentos foi, alguns meses depois, ver o tal rapaz beijando alegremente uma segunda mocinha em fotos abandonadas por essas redes sociais. Pense um romance! Então.
Fiquei olhando as três únicas fotos e me perguntando se a antiga namorada fazia idéia daquela felicidade toda e, confesso, passei a especular como ela deveria estar se sentindo. Mal, eu pensei. Aliás, se fosse eu - por que todo mundo sempre leva para o lado pessoal, - estaria me rasgando de ódio da desaforada que está beijando O MEU EX - por que seu ex nunca deixa de ser seu - e teria começado a pesquisar tudo sobre a vida da infeliz que não tem medo da morte ou de vodu.
Foi nesse pensamento que me muni de coragem vinda do mais íntimo da fraternidade das ex e resolvi que ia começar a pesquisar a vida da malfeitora. Antes, claro, dar uma passada na página da rede social da minha amiga que tinha sido brutalmente trocada para ver algo triste que ela postou declarando-se perdida, esquecida e abandonada. Pobrezinha!
Clique vai, clique vem, entro no álbum de fotos da cumadi e o que meus olhos viram? A moça já está namorando outro também, gente! E há mais tempo que o rapaz do shopping, coitado, tão triste e tão suspendendo o ombro três vezes e ele ainda mexeu no cabelo, o bichinho. Ainda não me decidi de que lado estou, mas definitivamente não estou do lado dos relacionamentos de hoje em dia.
O que é isso, meu povo? Hoje todo mundo sai dizendo que ama, ligando o tempo todo, gastando aquela promoção maravilhosa da TIM e lá se vão muitos cinquenta centavos e amanhã o que sobra?
Acho que o mundo inteiro está vivendo a paixão com pressa. Pressa pelo próximo e sai da frente por que preciso mostrar para aquele idiota o quanto sou madura e como tem muito mais gente interessada em mim. Veja o que perdeu e se lembre amargamente do lugares mais sórdidos em que o outro está colocando as mãos. Seu boboca!
Ah, pessoal, vamos parar por aqui, né? Eu me recuso a acreditar que dar a volta por cima signifique sair beijando todos, curtindo muitas festas e contraindo doenças venéreas. E, mesmo assim, meio trôpega que ainda estou com os meus próprios fins, já decidi - pelo menos - o que não quero.
Não quero brincar de "me ame por enquanto", não quero brincar de "mate minha carência que eu mato a sua" e não vou, repito, eu não vou fingir que estou me apaixonando pelo primeiro idiota que me ignorar no MSN. Tenho muito mais valor do que isso e, já que todos sabem que orgulho não é mesmo o meu forte, vergonha nenhuma de admitir que as minhas paixões são contadas nos dez dedos das mãos e incluem comer e dormir.
Não preciso de uma verdade inventada, como proclamou dona Lispector, mas também não pretendo viver apenas do que é passível de fazer sentido. Faz sentido para você amar e guardar todo esse amor dentro de si por que já aprendeu a duras penas que falar demais cansa a garganta? Pois bem. Agora vou amar sem gritar nada. Peço perdão ao ex-casal e aos novos amantes, mas meu amor não se desfaz em meses. E que Deus me ajude.